Política

Posse de Milei na Argentina: 3 razões para Bolsonaro querer ser a estrela da cerimônia

03 dez 2023, 18:05 - atualizado em 03 dez 2023, 18:05
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Positivo e operante: Bolsonaro aposta alto na posse de Javier Milei como próximo presidente da Argentina (Imagem: Ag. Brasil/ Marcelo Camargo)

O ex-presidente Jair Bolsonaro pretende transformar a posse de Javier Milei como novo presidente da Argentina, no próximo domingo (10), numa grande demonstração de que continua politicamente poderoso no Brasil e no mundo. A provável ausência de seu grande antagonista e sucessor no Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva, deve facilitar a missão do ex-capitão.

Como se sabe, Milei e Bolsonaro possuem grandes afinidades ideológicas. O economista argentino se apresenta como ultraliberal e anarcocapitalista, e cultiva uma imagem de um outsider que derrotaria a “casta” que dominava a Argentina, composta, segundo ele, por peronistas como o candidato derrotado Sergio Massa, e empresários corrompidos pelas benesses estatais.

Os laços ideológicos levaram, inclusive, o então deputado federal Milei a gravar um vídeo pedindo votos para Bolsonaro, durante a corrida presidencial brasileira, no ano passado. Há alguns meses, o ex-presidente retribuiu o gesto e também publicou um vídeo pedindo que os argentinos votassem em Milei. Seu filho 03, Eduardo, viajou até o país vizinho para acompanhar as eleições.

Dias após vencê-las, Milei e Bolsonaro conversaram por vídeo-chamada, ocasião em que o futuro presidente argentino convidou o ex-capitão para sua posse. Desde então, Bolsonaro e seus aliados mais fieis organizam uma verdadeira caravana a Buenos Aires.

Veja por que Jair Bolsonaro quer se tornar a estrela da posse presidencial de Javier Milei na Argentina, no próximo domingo (10):

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Vitória de Milei prova que direita alternativa está viva

Ao obter 55% dos votos válidos no segundo turno da eleição, Milei não apenas derrotou a ala kirchnerista do peronismo, responsável por praticamente quebrar a Argentina, elevando a inflação anual para mais de 100% e jogando 40% da população na pobreza.

Vendendo-se como um outsider com coragem para implodir o status quo, Milei prometeu medidas econômicas radicais, como a dolarização da economia e a extinção do Banco Central. Visceralmente contrário à esquerda, prometeu romper com países “comunistas”, como a China e o Brasil, os dois maiores parceiros comerciais do país que comandará.

Nem mesmo o recuo recente, com um convite formal para que Lula compareça à posse, foi capaz de tirar o entusiasmo de Bolsonaro e da extrema-direita mundial com Milei. O ex-presidente brasileiro chegou a afirmar que sua vitória representava o retorno da esperança à América Latina.

Milei lá, Bolsonaro aqui

Se, como acredita Bolsonaro e seu entorno, Milei é a prova de que a vitória de governos de esquerda não passou de um contratempo, e a América Latina caminha para a direita, nada melhor do que ressaltar a liderança do ex-capitão.

A demonstração de força de Bolsonaro para o Brasil e o mundo envolve desembarcar em Buenos Aires com uma comitiva de peso. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, ele já convidou cinco governadores para acompanhá-lo: Tarcísio de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais), Jorginho Mello (Santa Catarina), Ronaldo Caiado (Goiás) e Ratinho Jr. (Paraná).

Destes, dois já confirmaram presença: Tarcísio e Caiado, que, inclusive, entrou em contato com Maurício Macri, ex-presidente argentino que se aliou a Milei no segundo turno, para organizar a caravana de governadores bolsonaristas, segundo a Folha.

Ainda de acordo com o jornal, a comitiva contará também com Valdemar Costa Neto, presidente do PL, ao qual Bolsonaro é filiado, além de assessores próximos, como o ex-secretário de Comunicação Social Fábio Wajngarten.

Milei e Bolsonaro: uma fotografia poderosa

Desembarcar em Buenos Aires com uma comitiva poderosa será importante para Bolsonaro mostrar a Milei que continua forte no Brasil. Seria, assim, algo para impressionar o vizinho e a comunidade internacional. Para que o ex-capitão colha todos os frutos da viagem, é necessário também uma demonstração de que lideranças internacionais estão ao seu lado, após um mandato marcado por sucessivas caneladas em importantes parceiros políticos e comerciais.

Por isso, segundo a Folha, o ex-capitão espera ser recebido por Milei, após a posse, numa reunião bilateral. O encontro ainda não foi confirmado pela equipe do futuro presidente argentino, mas os aliados de Bolsonaro sabem que uma foto de uma conversa olho no olho com o ultraliberal seria vista, pelos eleitores brasileiros, como a prova de que o ex-presidente está mais prestigiado e forte do que nunca.