Posição vendida em Cury (CURY3) dispara 173% e atinge máxima histórica; Bradesco não descarta ‘short squeeze’
O Bradesco BBI analisou, entre os principais nomes do setor imobiliário na bolsa brasileira, as ações que acumulam posições vendidas — uma estratégia onde o investidor aposta na queda do preço de uma ação. O destaque foi para a Cury (CURY3), que registrou um aumento histórico de 173% nas posições vendidas, atingindo o maior nível já registrado.
Segundo os analistas, as apostas dos investidores contra a Cury aumentaram substancialmente em 2024. Em janeiro, o valor dessas posições era de R$ 204 milhões, mas atualmente está em R$ 571 milhões. Apesar disso, o Bradesco BBI ressalta que os papéis da Cury estão valorizados em relação a empresas similares, sendo negociados com um prêmio de 40%.
A estratégia de posição vendida envolve o aluguel de ações de um investidor que já as possui, permitindo que outro as venda no mercado com o objetivo de recomprá-las posteriormente a um preço mais baixo e devolver ao dono, lucrando com a diferença.
Um ponto de atenção destacado pela corretora é a escassez de investidores dispostos a emprestar ações da Cury. Essa falta de doadores torna a operação mais cara, refletindo no aumento expressivo da taxa de empréstimo das ações.
“Com isso, a posição vendida na ação parece estar muito mais relacionada a questões técnicas do que aos fundamentos da companhia. Não descartamos a possibilidade de um short squeeze próximo à divulgação dos resultados do terceiro trimestre da Cury”, apontam os analistas.
Isso ocorre quando o preço de uma ação sobe abruptamente, o que força investidores vendidos a fechar suas posições para evitar prejuízos maiores e aumenta ainda mais a pressão compradora.
Dessa forma, cria-se um efeito em cascata com mais vendedores comprando de volta as ações para fechar suas posições.
Nesta sexta-feira (1º), CYRE3 terminou o dia com queda de 1,96%, a R$ 23,96.
Outras empresas do setor
O estudo do BBI incluiu, além da Cury, as ações da Allos (ALSO3), Iguatemi (IGTI11)e Multiplan (MULT3); Direcional (DIRR3), MRV (MRVE3) e Tenda (TEND3) entre as construtoras de baixa renda; e Cyrela (CYRE3) e EzTec (EZTC3).
Além da alta histórica da Cury, outro destaque é a Eztec que possui a maior porcentagem de posições vendidas. Porém, sua liquidez caiu ao longo do ano. Embora a empresa tenha mostrado algum progresso nos resultados, a expectativa é que uma melhora significativa na sua rentabilidade só ocorra em alguns anos.
Para a Multiplan, o relatório indica que também houve um aumento nas posições vendidas, indicando que os investidores estão apostando contra a empresa.
Os analistas entendem que isso decorra das incertezas sobre a possível saída de um grande investidor. Além disso, o preço da MULT3 teve um desempenho superior ao de outras empresas do setor, o que pode justificar essas apostas.
- AS MELHORES AÇÕES PARA INVESTIR EM NOVEMBRO: veja onde investir na reta final do ano, no Giro do Mercado desta sexta-feira (1):
Por outro lado, as apostas contra a Cyrela diminuíram. Os analistas avaliam que seja pelos bons fundamentos, então o “short” nela está se tornando menos atrativo para os investidores.
Os analistas ressaltam que, por seu comportamento cíclico, o setor imobiliário é um dos principais meios para investidores se posicionarem no cenário macroeconômico brasileiro.
A análise reflete, assim, uma mudança no sentimento dos investidores ao longo de 2024, com piora das incertezas econômicas em meio à alta da Selic.