Porto Seguro Investimentos vê PIB avançando 2,5% e Selic em 4,25% em 2020
A Porto Seguro (PSSA3) estima que o crescimento da economia brasileira em 2020 deva ser de 2,5%, com as estimativas para o PIB do ano passado em 1,2%.
Na visão dos analistas, os números serão possíveis caso o cenário externo não atrapalhe, interrompendo uma sequência de resultados frustrantes.
Para o IPCA, a projeção da Porto é de 3,4% em 2020, depois de fechar 2019 em 4,2%, enquanto vê o dólar encerrando o calendário a R$ 4,15.
No caso da Selic, os analistas esperam que a taxa fique em 4,25% no fechamento do ano.
Em documento enviado a clientes, o braço de investimentos da seguradora destaca que embora seja uma economia fechada, o Brasil não está imune ao ambiente global de crescimento, liquidez e incerteza.
Por isso, a perspectiva de uma estabilização da atividade mundial neste ano, na esteira do acordo EUA e China e de condições financeiras globais estimulativas, deve contribuir para acelerar o crescimento do PIB doméstico em 2020.
Para a equipe, não se deve perder de vista, contudo, que várias fontes de tensão geopolítica espalhadas pelo globo seguirão como risco a esse cenário mais construtivo.
O documento destaca que, comparada a várias economias emergentes da Ásia e mesmo algumas da América Latina, o Brasil é sem dúvida uma economia fechada, seja no tocante ao comércio exterior (como proporção do PIB) ou mesmo em termos do fluxo de capitais. Esse perfil, contudo, não deixa o país imune aos ciclos econômicos ou às mudanças no grau de liquidez global.
Assim os analistas explicam que a desaceleração do ritmo de expansão mundial nos dois últimos anos exerceu impacto relevante sobre o desempenho doméstico.
Considerando-se a profunda crise econômica na vizinha Argentina nesse período, o mundo relevante para o Brasil (em que o peso relativo da Argentina é maior que para os demais países), experimentou uma desaceleração ainda mais acentuada.
A Porto Seguro aponta que as estimativas do Banco Central sugerem que o crescimento do PIB brasileiro de 2019 poderia ser 0,5 ponto percentual maior não fossem os efeitos negativos da desaceleração global (-0,3 pp) e da crise argentina (-0,2 pp).
Apesar disso, a instituição vê como boa notícia o fato de que quando se considera a perspectiva de ambos para 2020, é possível vislumbrar um cenário mais positivo (ou menos negativo) que aquele que pesou sobre 2019.
Crescimento global
O relatório aponta que em uma escala (bem) mais ampla, dois fatores tendem a gerar perspectivas mais favoráveis para a economia global em 2020 relativamente ao quadro observado em 2019.
O primeiro deles diz respeito ao recém anunciado acordo entre China e EUA. Embora distante de eliminar todos os focos de tensão envolvendo as duas potências, esse acordo deve reduzir o elevado grau de incerteza que permeou o passado recente de empresas e consumidores ao redor do mundo.
Um segundo fator que deve contribuir para conter a desaceleração global é a melhora das condições financeiras, que em grande medida se deve à ação dos principais bancos centrais mundiais.
Cena interna
Domesticamente, diversos fatores conspiram para um ritmo de crescimento econômico muito superior ao padrão observado nos últimos vários anos: menor risco fiscal, juros em patamares historicamente baixos e recuperação (gradual) do mercado de trabalho, entre outros também importantes.