Porsche 911 causa inveja a concorrentes: Carro deve ser o mais rentável até 2023
A oitava geração do modelo icônico da Porsche é mais rentável, proporcionalmente falando, do que qualquer outro veículo que estreou no ano passado.
O modelo foi responsável por quase 30% dos ganhos totais da Porsche desde o lançamento, mesmo respondendo por apenas 11% das vendas, segundo recente relatório da Bloomberg Intelligence.
Essa porcentagem supera modelos de elite como o F8 Tributo, da Ferrari, DBX, da Aston Martin, GLE, da Mercedes-Benz, e X5, da BMW, que também se colocam acima de seu peso quando se trata de margens de lucro.
O F8 Tributo, por exemplo, exibe margens impressionantes de 50%, mas contribui com apenas 17% do lucro total de veículos da Ferrari. A Aston Martin vai vender 4.500 unidades antecipadas do DBX em 2020, dobrando o volume de vendas.
Sozinho, o modelo vai responder por 21% das vendas totais de veículos da empresa; é provável que aumente as margens Ebitda da Aston Martin para 30%, segundo o relatório.
Quanto aos SUVs, o GLE, juntamente com o irmão GLS, representará 24% do lucro da Mercedes em 2020, com apenas 9% do volume total; o X5 da BMW representará 16% do lucro com automóveis, com apenas 7% do volume de vendas da BMW.
Todos esses modelos geram “um nível desproporcionalmente alto do lucro total”, disse Michael Dean, analista de pesquisa de ações do setor automotivo da Bloomberg Intelligence, em entrevista por telefone do Salão do Automóvel de Frankfurt. Mas a nova geração do 911, em particular, aumentará ainda mais os ganhos da Volkswagen.
“É um cálculo muito simples: o 911 é muito rentável em sua própria forma e, quando você acrescenta as variações, as margens se tornam imensas”, disse Dean, observando opções lucrativas como freios de cerâmica e variantes com turbo compressores que as montadoras usam para aumentar os preços de varejo sugeridos pelo fabricante sem incorrer em muitos custos extras.
Também ajuda o fato de que o novo modelo tem um preço de tabela mais alto, de US$ 97.400, do que o titular já altamente rentável.
Além disso, acrescentar “a variante Turbo é basicamente lucro puro”, disse Dean. “Se assumirmos que eles vendam 10.000 Turbos de qualquer maneira, mais os GT3 e Turbo S, apenas as variantes Turbo do 911 podem significar meio bilhão dólares em termos de lucro para a Porsche.”
Com seu maior mercado na China e faixa de preço mais cara, a Porsche também deve permanecer imune aos problemas atualmente enfrentados pelas montadoras alemãs, disse Dean.
As vendas de carros na Alemanha estão no nível mais baixo desde 2010, diante do impacto da guerra comercial sobre montadoras como Mercedes-Benz e BMW, que também enfrentam economias em desaceleração e preocupação persistente com os níveis de poluição intensificada pelo escândalo de motores a diesel da Volkswagen em 2015.
“Não há problemas”, disse. “A Porsche está ganhando o jogo.”
Em 2018, as vendas globais da Porsche aumentaram 3%, para 256.255 veículos, enquanto as vendas do 911, em particular, subiram dois dígitos: 10%, para 35.573 veículos. As receitas globais do Porsche 911 superaram em 2018 as vendas de todos os carros da Bentley, Ferrari, Aston Martin e Lamborghini combinadas.
Dada a pompa e cerimônia dos recentes lançamentos de veículos elétricos, a introdução do novo 911 Carrera da Porsche foi relativamente discreta”, disse Dean. “[Mas] o carro esportivo é oportuno, pois compensará a transição para os veículos elétricos a bateria, que começa com o novo Taycan, seu modelo menos rentável.”
Em entrevista à Bloomberg TV, o presidente do conselho da Porsche, Oliver Blume, disse que o Taycan acabará gerando uma “boa margem”, especialmente nas versões topo de linha, embora os retornos não sejam tão altos quanto de outros modelos.
Dean calcula que o modelo começará a dar lucro em 2023, quando os preços das baterias terão caído significativamente.