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Por que uma fusão e aquisição pode ser um bom futuro para seu negócio

10 nov 2020, 17:00 - atualizado em 10 nov 2020, 17:00
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“Logo que a pandemia atingiu o Brasil, o mercado congelou de medo. A freada no segundo trimestre paralisou os processos em andamento”, dizeram (Imagem: Reuters/Manuel Silvestri)

O que mais se encontra nas redes sociais são comentários pedindo para 2020 acabar logo. Mas esse texto tem um enredo diferente e feliz para um setor da economia que vem se mostrando mais aquecido do que nunca: o de fusões e aquisições.

Logo que a pandemia atingiu o Brasil, o mercado congelou de medo. A freada no segundo trimestre paralisou os processos em andamento sem perspectiva do que viria pela frente.

Todos os analistas recomendavam cautela. Mas, passada a fase mais crítica e com um grande universo de empresas sobreviventes precisando de oxigênio, a recuperação foi em V, catalisando uma disparada no volume de transações que surpreendeu até mesmo os mais otimistas.

Entre janeiro e setembro, foram assinados no país 862 processos de M&A, segundo os cálculos da consultoria KPMG, o que é bastante próximo dos 879 de 2019 no mesmo período.

As projeções para o ano de 2020 inteiro seguem o mesmo passo e indicam que deve ser praticamente igual ao dos 1.231 negócios realizados no ano passado.

Há outro dado ainda mais animador. A despeito de todo o ceticismo com a economia, 2020 será um ano memorável para as startups brasileiras.

Nosso ecossistema de inovação caminha para ter seu melhor ano da história.

Aqui no BR Angels reunimos 100 CEOs de grandes empresas de diversos setores que, por terem se tornado investidores anjo, passaram a ter maior conexão com o ecossistema de startups e vem demonstrando, especialmente após a pandemia, maior interesse em analisar fusões e aquisições para acelerar a transformação digital de seus negócios.

“O cenário de investimento no Brasil mudou muito nos últimos anos, especialmente por conta do cenário de queda nos juros, levando os investidores a buscarem novas opções de retorno. A associação ou compra de startups pode gerar sinergias que trazem um enorme ganho de escala. O Brasil ainda é carente de tecnologia em vários setores e a aproximação entre grandes empresas e startups é um caminho fértil para ambos os lados. Por estes motivos deveremos ver cada vez mais acordos de M&A sendo fechados no País”, assinala Giuliano De Marchi, Head do JP Morgan Asset Management para América Latina.

De acordo com dados da Distrito, houve 100 aquisições de startups entre janeiro e setembro, o que já supera as marcas de 2018, com 27 transações, e 2019, com 63.

Os 322 aportes realizados também já ultrapassaram com folga o recorde de 2017, de 263 investimentos, um aumento de 22,4%. E o volume total de aportes está em US$ 2,2 bilhões (R$ 11,5 bilhões), correspondente a 82% do que foi injetado no mercado em todo ano de 2019.

Não deve ser surpresa para quem acompanha o mercado que o setor de tecnologia lidera em operações de M&A. Tem sido assim nos últimos cinco anos.

Foram 222 operações nos primeiros oito meses, de acordo com a PwC Brasil – e grande parte desse contingente é de investimento anjo em startups.

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“É importante ter em mente que esta é uma jornada complexa, que depende de muita análise e planejamento cuidadoso para cada uma das etapas”, argumentam (Imagem: Divulgação)

Essa predominância é bastante compreensível na medida em que toda economia já vinha se focando em transformação digital. A pandemia, e o subsequente isolamento social, provocou uma aceleração desse processo, agitando o mercado de M&A.

Como saber se sua empresa está no caminho certo?

Os processos de fusões e aquisições são encarados, cada vez mais, como um caminho para assegurar o crescimento ou até mesmo a sobrevivência de muitas empresas, o que se tornou ainda mais dramático com os ingredientes acrescentados pela Covid-19.

No entanto, é importante ter em mente que esta é uma jornada complexa, que depende de muita análise e planejamento cuidadoso para cada uma das etapas; e não apenas nos aspectos financeiros, como o tamanho do cheque. A primeira análise a ser feita deve levar em conta qual o principal objetivo para começar a negociar.

Pelo lado de quem vai receber investimento ou ser incorporado (o sell-side) pode ser a busca por um sócio estratégico ou uma injeção de capital para uma empresa recuperar o fôlego ou mesmo problemas de sucessão.

Já para quem desembolsa o dinheiro (o buy-side), pode servir para redução de custos na operação a partir da sinergia com uma startup ou outra empresa que tenha um desempenho melhor em determinada parte do negócio.

Se bem negociada, será uma saída interessante para aumentar a participação no mercado, melhorar ou ampliar os canais de distribuição ou até mesmo para adquirir conhecimento ou tecnologia que a compradora não dispõe.

Apesar dos números estimulantes que alimentam o mercado de M&A, temos observado nos últimos meses que as transações estão levando mais tempo para serem concluídas e também muitas etapas, como a de avaliação da empresa (valuation) e a auditoria (due-diligence), estão sendo conduzidas com uma lupa ainda maior que o normal, uma tendência esperada em um momento que todo cuidado é pouco para não dar uma passo em falso.

Para serem mais assertivas, as partes envolvidas na negociação, vendedores e compradores, têm buscado cada vez mais antecipar potenciais obstáculos para o fechamento da operação. Por isso, é muito importante ter total atenção com etapas-chave do processo de M&A. Tenha certeza de que todas elas foram visitadas antes de fechar negócio.

“Para um processo de M&A ser bem-sucedido é fundamental que a operação garanta um efetivo ganho financeiro e estratégico”, afirma Flavio Batel (Imagem: Divulgação)

Enumeramos aqui 10 passos para arrumar sua casa antes de embarcar em uma negociação de M&A:

1. O Advisor
Selecione um Advisor com experiência, não apenas em operações de M&A, mas também no seu mercado de atuação e familiarizado com o porte da sua empresa.

2. Avaliação da Empresa
Mergulhe na própria operação para entender as fragilidades e as forças, além da questão financeira, como fôlego de caixa e necessidade orçamentária em função dos projetos.

3. Benchmark do mercado e análise do cenário
Avalie a concorrência para entender qual a situação do mercado e para onde ele está caminhando.

4. Definição da estratégia de venda/compra
Defina, com base em todas as análises, seja um buyer ou seller, qual a melhor estratégia – uma aquisição de parte da empresa, uma compra ou uma fusão.

5. Os parceiros alvo
Desenhe claramente o critério de seleção das empresas alvo – potenciais compradores ou vendedores –, uma atitude fundamental para o sucesso do processo.

6. Valuation
Defina o valuation do seu negócio com maior precisão levando em conta um conjunto de métodos financeiros. Inúmeras variáveis entram em jogo. Por isso, não há uma resposta simples e única que se resuma a estoque, ativos e passivos. No final, o valor que o mercado credita a uma empresa é proporcional à capacidade realista de geração de caixa futuro.

7. Definição da estratégia de negociação
Com base nos números, as partes devem decidir qual a melhor estratégia para fechar um acordo.

8. Due diligence (se compradora);
Para quem está comprando ou investindo, é fundamental fazer uma auditoria nas áreas contábeis, tributárias, técnica, comercial, trabalhista e jurídica. O comprador precisa saber o que está levando. Há contratos problemáticos? Riscos de litígios? Isso fornece uma visão ampliada do negócio.

9. Estratégia financeira para aquisição (se compradora);
O comprador também precisa definir a estrutura financeira do negócio: comprar a empresa toda ou fechar acordos societários para comprar uma parte e definir quem elege o administrador.

10. Fechamento e implementação da integração pós-fusão (se compradora);
Existem precauções legais para concretização do negócio, como certidões negativas de marca e alterações de CNPJ, por exemplo. E este é o início do passo mais duro: colocar em prática o processo de integração das operações, monitorando a execução das metas definidas e engajando a equipe com uma política de retenção de talentos como forma de proteger o valor do acordo.

Para um processo de M&A ser bem-sucedido é fundamental que a operação garanta um efetivo ganho financeiro e estratégico, seja para quem compra ou para quem vende. É verdade que há um grande número de deals que falham porque negligenciaram algum desses pontos.

Cumprir esses 10 pontos aumenta suas chances de agregar valor ao negócio e aproveitar todo potencial que um acordo bem estruturado pode proporcionar.

O momento nunca foi tão oportuno para um M&A. Vamos dar o primeiro passo?

Orlando Cintra é Membro do Conselho de empresas como SMARTIe (Solvi Ambiental), Solstic Advisors e HyperloopTT, além de Founder & CEO do BR Angels, grupo de investimento anjo formado por CEOs e empreendedores

Flavio Batel é Managing Director na Solstic Advisors, boutique de M&A (Fusões e Aquisições) especializada em middle-market. 

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