Economia

Selic acima de 10,5%: Por que subir juros pode ser benéfico para o Brasil, segundo economistas

28 ago 2024, 16:56 - atualizado em 29 ago 2024, 0:21
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Aumentar os juros pode não ser necessariamente ruim para o Brasil, disseram economistas em painel do Santander Conferência (Imagem: Getty Images)

Aumentar os juros pode não ser necessariamente ruim para o Brasil, disseram economistas em painel do Santander Conferência realizado em São Paulo nesta quarta-feira (28).

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As falas ocorreram em meio à aposta que tomou o mercado de que o Banco Central irá elevar os juros na próxima reunião do Copom. As preocupações recaem nos dados de inflação, que estão fora do centro da meta.

Segundo Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual, uma elevação de juros pode ter mais efeitos positivos que negativos para a economia.

“Porque o investimento, nesse ano, vai ser todo de 2,5%, mesmo com aumento de juros, em setembro. E a gente pode ter uma melhora, uma queda da expectativa de inflação para frente, uma redução de risco, que pode baixar a ponta longa da curva de juros, que vai ser muito bom para novos investimentos”, diz.

O BTG elevou suas projeções para a Selic em 1,5 ponto percentual. À luz das comunicações recentes do Banco Central, o banco acha “altamente provável” que um ciclo de aumento de juros se materialize a partir da reunião de setembro.

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Brasil acelerado

Outra economista que defendeu a alta foi Solange Srour, diretora de macroeconomia para Brasil do UBS. Segundo ela, o Banco Central precisa subir os juros.

“Estamos vendo uma pressão no mercado de trabalho, uma inflação que não vai mais contar com os fatores positivos de desinflação global. Isso eu acho que já está bastante claro nos dados. A desinflação dos títulos industriais não vai mais se repetir tão forte como era”, discorre.

Ainda segundo Srour, as despesas vão crescer bem, enquanto o mercado no Brasil está ‘expansionista’.E eu acho que o Banco Central não deve contar com o futuro de política fiscal. O BC tem que trabalhar com o presente”, diz.

A economista afirma ainda que “não é uma reunião, duas reuniões que vão fazer o Banco Central ter credibilidade”.Ele atua no técnico. E, para reunião, o técnico está subindo hoje, porque a gente está discutindo aqui uma economia que está crescendo fortemente”, diz.

Na votação de maio do Copom, houve racha entre os membros do comitê. A decisão por um corte de 25 p.p. foi disputada, e venceu por apenas um voto de diferença, o que causou ruídos lembrados até hoje. Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Bolsonaro, votou por corte de 0,25 pp e Gabriel Galípolo, indicado por Lula, por 0,5 pp.

Inclusive, Galípolo foi indicado como novo presidente do Banco Central nesta quarta-feira (28).

Voz dissonante

Coube a David Beker, chefe de economia e estratégia para Brasil do Bank of America, discordar. Segundo ele, o Brasil não precisa elevar os juros. Em sua visão, o país se beneficiará do corte do Federal Reserve nos Estados Unidos.

O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, deu sinal positivo para o alívio monetário.

Ele destacou que os riscos menores de alta para a inflação e maiores para a queda do emprego mostram que “chegou a hora” de afrouxar a política monetária. “A direção a ser seguida é clara”, disse.

Assim, o otimismo também se espalhou por Wall Street e no Ibovespa.

“Achamos que esse cenário de argumento global pode trazer pressões desinflacionárias nas economias. Pode surgir, talvez, seja uma concentração em alimentos, talvez uma situação mais concentrada em bens, com todo o deployment que a China está fazendo de produtos no mundo”, diz.