Por que sua empresa deve ser também uma escola — e você, um educador
Por Cezar Augusto Gehm Filho*
O crescimento do setor de tecnologia trouxe uma contrapartida: a grande defasagem entre a demanda por profissionais da área e a oferta de mão de obra especializada. Em recente estudo realizado pela Brasscom, a demanda por profissionais de tecnologia entre 2021 e 2025 será de 797 mil vagas.
Porém, o número de formados está aquém da demanda. Com isso, tem-se um déficit de 530 mil profissionais em cinco anos.
A falta de profissionais de tecnologia como desenvolvedores, analistas, engenheiros e cientistas é um problema generalizado. Afinal, isso afeta desde a indústria até o comércio, passando por serviços e setor público.
Trata-se de uma escassez que não impede apenas o desenvolvimento das empresas, mas também do país como um todo. Assim, o impacto na competitividade, um dos grandes gargalos nacionais nesse ambiente cada vez mais globalizado, é imensurável.
Escola-empresa
Um dos principais fatores que leva a isso é uma formação deficiente em tecnologia. Porém, até agora esse cenário não busca achar culpados: é apenas uma triste constatação.
Só que desde que esse problema passou a ganhar dimensões maiores — sobretudo após a pandemia e a evolução da transformação digital — há uma tendência a apontar dedos. Ora a culpa é da defasagem do sistema de ensino, ora da falta de ação dos governos. Sobra até mesmo para um problema mais cultural e de poucos incentivos ao estudo e à meritocracia.
Mas, será que esse problema é só de tecnologia? Afinal, quantas pessoas são contratadas para trabalhar como profissionais de vendas — e que ainda não sabem vender? Quantos técnicos em engenharia civil, por exemplo, iniciam sua carreira com um mínimo de conhecimento necessário?
Como se vê, há uma necessidade latente de aprendizado pelos colaboradores de qualquer empresa. Ou seja, é urgente um movimento de educação em escala — inclusive utilizando tecnologia na educação.
Estudos de caso
Já ouvi dizer que os engenheiros agrônomos são os novos DEVs. Aliás, a demanda por profissionais de agronomia no campo é tão grande com a escalada das agritechs que o mercado já não tem esses profissionais disponíveis também.
Por isso, deve ser visto com bons olhos a criação de academies nas empresas, em estruturas de EAD, que oferecem cursos específicos para negócios. São elas que promovem eventos de conteúdo, com trilhas de aprendizagem por temas.
Nesse ambiente cada vez mais digital conseguem alavancar uma resposta à necessidade de pessoas que atuem onde as empresas mais precisam. Entre os exemplos estão a G4 Educação, o UOL Edtech. Há, ainda, a própria PipeRun Academy, que oferece cursos e outros formatos de conteúdo sobre vendas e CRM para colaboradores, clientes e parceiros.
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Assim, ao fornecer aprendizado contínuo, as empresas estão criando um ambiente propício para atualização e crescimento profissional em um mercado de constante mudança. Da mesma forma, valorizam e retêm talentos, gerando inovação e adaptabilidade. Tudo isso traz uma vantagem competitiva inerente, uma vez que esses profissionais acabam atuando mais cirurgicamente no que é estratégico para os negócios.
Portanto, o futuro das empresas é serem, também, escolas — e os líderes, educadores. Ao investir nessa formação interna, as empresas acabam impulsionando a competitividade e a economia do país — e aproveitando uma oportunidade que poderá levar o Brasil a um novo patamar.
*CEO da PipeRun