BTG Pactual

Por que a Smiles não quer mais pagar dividendos aos acionistas?

07 mar 2018, 21:05 - atualizado em 07 mar 2018, 21:14
A incerteza no mercado foi transformada em queda de 10% das ações

A pergunta de hoje no mercado foi: por que a Smiles (SMLS3) decidiu não pagar mais dividendos gordos? Enquanto a resposta exata ainda não veio à tona, os investidores responderam com a reprecificação dos papéis no mercado. A ação da empresa que gerencia o programa de milhagens da Gol (GOLL4) foi derrubada em 9,88%, para R$ 72,10.

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A Smiles tem uma resposta, mas evidentemente ela é mais genérica do que parte dos investidores precisa para manter o investimento. De acordo com ela, o objetivo é reter liquidez no balanço para limitar os potenciais impactos da crescente volatilidade e melhorar o balanço e qualidade de crédito.

Além disso, a companhia pontua que espera reter os lucros para melhorar suas operações e realocar capital para oportunidades de maior retorno esperados. Não é pouco dinheiro. A administração, que chegou a pagar 100% dos lucros, agora irá distribuir 25% em 2019. Considerando o lucro de 2017, os 75% corresponderiam a R$ 570 milhões.

“Confessamos que este anúncio veio como uma surpresa total para nós (e para a comunidade de investidores em geral), já que a empresa é pagadora histórica de dividendos, com uma distribuição geralmente em torno de 100%”, pontua o BTG Pactual, em relatório assinado por Samuel Alves e Renato Mimica.

Muitas dúvidas

O banco também deixa perguntas no ar. Qual tipo de oportunidade exige tanto capital? O corte de dividendos sobre o lucro de 2018 deve ser entendido como o novo normal? A decisão tomada pelos analistas foi a de deixar a recomendação, antes em compra, sob revisão até ter mais clareza sobre o objetivo da administração.

O Bradesco BBI optou por cortar o preço-alvo para os papéis de R$ 109 para R$ 105, porém manteve a indicação de compra. O analista Victor Misuzaki destacou que a empresa pode estar preocupada com o nível de milhas necessárias para resgatar cada passagem aérea, que precisaria cair mesmo com o custo dos bilhetes mantidos ou elevados.

Ou seja, a Smiles precisaria absorver esta mudança em seu balanço. “Este cenário pode ser uma preocupação real se a Multiplus (MPLU3) e/ou a Tudo Azul (AZUL4) iniciar uma guerra de preços, o que parece improvável no momento”, ressalta Misuzaki. O UBS, segundo relatório citado pelo TradersClub, avaliou que a companhia está enfrentando pressão nas margens.

O analista Alexandre Spada do Itaú BBA concorda que o nível de pagamento de dividendos em 25% é atipicamente baixo, o que “pode sugerir atividade de fusões e aquisições nos próximos trimestres”. O banco escolheu manter a recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado), com preço justo de R$ 97.

Fundador do Money Times | Editor
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
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