Por que Selic a 2% não é sustentável, segundo sócio do BTG
O tão aguardado ciclo de flexibilização dos juros no Brasil finalmente começou, com o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central cortando em 0,50 ponto percentual a taxa Selic no início deste mês.
O mercado estava em grande expectativa pelo fim do ciclo de aperto monetário, que começou em 2020, no auge da pandemia do coronavírus, e fez os juros locais saírem da mínima histórica de 2% para o pico de 13,75%.
Ao podcast Market Makers, apresentado por Renato Santiago e Thiago Salomão, o diretor estatutário, diretor de plataformas digitais e sócio do BTG Pactual Marcelo Flora diz que existem poucas coisas que são consenso no mercado – e o juro alto é uma delas.
“Todo mundo concorda que o juro está alto. Fantástico. Então, daqui, só para baixo. A dúvida agora vai ser se o juro para por volta de 9%, 8,5%, 8%. Abaixo de 8%, ninguém acredita muito nisso, mas entre 8% e 9% parece fazer sentido”, afirma Flora.
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Selic a 2%
O executivo acredita que o Brasil não viveu um período mais longo com juros relativamente estáveis, o que pode ser “igualmente transformacional” quanto o que a Selic a 2% promoveu para o mercado de renda variável três anos atrás, com a explosão de CPFs na Bolsa brasileira.
Flora defende que juros estáveis trazem repercussões para o mercado financeiro ainda mais poderosas que uma taxa a 2% – nível considerado até insustentável por ele, inclusive.
“O juro a 2% é tão bom que dura pouco. E aí você tem a ressaca do juro a 2%. Dos 2% aos 13,75%, a marcação a mercado vai machucando. Qualquer carteira que tenha sido construída sob uma ótica de relação risco-retorno, […] quando o juro sai de 2% para 13,75%, sofre em relação a uma carteira largada no CDI”, explica.
Na avaliação de Flora, se o Brasil conseguisse viver um período de juros relativamente estáveis – por exemplo, uns três anos oscilando em torno de 8,5% -, haveria uma grande contribuição para a disseminação da educação financeira.
“Seria fantástica a contribuição que a gente teria de educação financeira se disseminando”, comenta.
Há 23 anos no BTG, Flora foi responsável pelo processo de transformação digital do banco em 2014, com a criação do BTG Pactual Digital.