Por que secar dividendos da Petrobras (PETR4) pode ser um ‘tiro no pé’ para Lula, segundo Marcos Lisboa
Mais do que uma desvalorização das ações na Bolsa, o fim dos megadividendos da Petrobras (PETR4) pode impactar as contas públicas, afirma o economista Marcos Lisboa, no 23º episódio do podcast Market Makers, apresentando por Thiago Salomão e Renato Santiago.
“Parte do excesso de arrecadação (do governo) é da Petrobras. Olha como o discurso é contraditório: o grupo que fala que é contra a Petrobras repassar o preço externo do petróleo, que gerou dividendos e as receitas elevadas do petróleo e as commotities, agora quer usar esse benefício para fazer política”, coloca.
Entre os anos de 2019 e 2021, a Petrobras pagou à União R$ 34,4 bilhões em dividendos. Quando se soma royalties e impostos, esse valor chega a R$ 447 bilhões no período.
Uma das principais críticas de membros do novo governo é, justamente, em relação aos dividendos da Petrobras.
O senador do PT Jean Paul Prates, um dos cotados a assumir a presidência da estatal, declarou que a atual política de vender ativos e distribuir dinheiro para os investidores faz com que a empresa esteja “caminhando para o precipício”.
Veja o episódio na íntegra:
O que Marcos Lisboa faria com a PEC?
De acordo com o economista, seria possível o governo enviar uma PEC da Transição com valores menores do que os R$ 145 bilhões aprovados pelo Senado na noite de ontem.
“Você não precisava de todo esse dinheiro para dar os R$ 600. Com uns R$ 90 bilhões, você conseguiria pagar o programa social, ganharia tempo para reequilibrar as contas públicas, rever benefícios e subsídios e promover o gasto social com eficiência”, coloca.
Veja o episódio na íntegra:
Ministro técnico ou político?
Apesar dos receios do mercado para um ministro técnico na Fazenda – ao que tudo indica será Fernando Haddad -, Lisboa diz que isso faz pouca diferença se o governo possui uma boa equipe técnica.
Segundo ele, a diretriz geral quem dá é o presidente da República, enquanto os dilemas da pasta são políticos.
“Precisamos enfrentar o dilema e a negociação precisa ter embasamento técnico. A pior coisa é quando você toma as consequências sem saber o que está fazendo. Ou você acha que sabe, mas está mal informado. Quem manda é política, mas a técnica é fundamental para informar. Pode ter um ministro da política na Fazenda e técnicos embaixo que informem”, conclui.
Veja o episódio na íntegra: