Por que Raízen (RAIZ4) afunda 5% hoje? Entenda “venda em bloco” de 330 milhões de ações
As ações da Raízen (RAIZ4) derrapavam mais de 5% nesta segunda-feira (30), com a reação do mercado ao “block-trade” (venda em bloco, em português) anunciado em que a Hédera (ex-controladora da Biosev) venderá toda a sua posição de 330 milhões de ações na companhia.
A fatia detida pela Hérdera representa 24,32% das ações em circulação da Raízen, a serem vendidas pela cotação de R$ 3,15 cada nesta quarta-feira (1°), quantia equivalente a R$ 1,1 bilhão aproximadamente.
A XP Investimentos avalia a venda total das ações detidas pela Hérdera traz uma visão negativa para a Raízen.
“É preciso esclarecer se o motivo da venda da Hédera se deve a preocupações macro, como incertezas quanto à política de preços da Petrobras, ou específicas da Raízen”, argumentam os analistas Leonardo Alencar e Pedro Fonseca, em relatório enviado a clientes.
Por volta das 14h (horário de Brasília), as ações ordinárias da Raízen afundavam 5,85% aos R$ 3,22 cada. Na abertura do dia, os papéis valiam R$ 3,40 cada.
Entenda o block-trade
Apesar da empresa ainda não ter divulgado um fato relevante sobre este negócio, uma reportagem publicada no Brazil Journal explica que a participação da Hédera na Raízen foi dada como garantia de uma dívida da LDC (controladora da Hédera) e sua liquidação será utilizada para amortizar essa dívida.
Os credores incluem Bradesco, Santander e bancos internacionais, segundo uma fonte com conhecimento do assunto.
A Hédera passou a deter 24,32% das ações em circulação após a aquisição pela Raízen da Biosev, negócio que envolveu a troca de ações (3,5% do total de ações), além do pagamento à vista de R$ 3,6 bilhões para refinanciamento da dívida.
O papel da Raízen sofre em parte porque o mercado sabia que a LDC teria que vender em algum momento.
Entraves
A indefinição da política de paridade de preços da Petrobras (PETR4), aliada à dúvida sobre se voltarão ou não os impostos sobre os combustíveis, também são um dos entraves para as ações da Raízen, segundo a XP.
“Caso os impostos sobre os combustíveis voltem, o mercado ainda não sabe qual será a política, trazendo um alto grau de incerteza para a Raízen no curto prazo“, afirmam os analistas.
O alto nível de incerteza aliado ao aumento das avaliações negativas em relação à Raízen tem afastado os investidores da tese, enquanto os novos negócios (E2G, Biogás, Pellets) ainda possuem alto risco de execução ao seu redor.