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Por que os jovens estão tentando burlar o algoritmo do Instagram?

13 fev 2020, 14:28 - atualizado em 30 maio 2020, 18:07
Conforme mais pessoas começam a prestar atenção no valor de seus dados pessoas, a geração mais nova e experiente em tecnologia está explorando formas inovadoras de proteger sua privacidade on-line (Imagem: Freepik/natanaelginting)

No estado de Maryland, nos EUA, um grupo de jovens está enganando o algoritmo do Instagram e confundindo a máquina de coleta de dados de Zuckerberg.

Sua estratégia, revelada pela líder Samantha Mosley, de 17 anos, em uma apresentação na SchmooCon, conferência de hackers, requer fazer o “flood” de dados de usuários na plataforma do Instagram que não possam ser relacionados a uma só pessoa.

Uma pessoa cria uma conta de Instagram, depois pede o link para recriar a senha e envia este link para um amigo de confiança sem finalizar sua própria sessão. Isso faz com que ambos os amigos permaneçam numa sessão ativa.

Quando isso é repetido várias vezes, você acaba tendo uma única conta que é controlada por diversas pessoas. Quando as fotos são publicadas, o rastreamento do Instagram, provocado por diferentes pessoas, embaralha os algoritmos, resultando em uma mistura de dados que não fornecem percepção alguma sobre o comportamento de uma pessoa.

“Nós revezamos sobre quem está enviando para qual conta”, afirmou ela à CNET. “Numa semana, eu posso estar enviando para 17 contas; na próxima, só terei quatro.”

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“Techlash” é o termo cunhado com as palavras “tecnologia” e “revolta”, em inglês, ou seja, a revolta causada por usos indevidos da tecnologia por parte das grandes corporações (Imagem: Freepik/makyzz)

Techlash: a revolta contra a tecnologia

Apesar de essa rebelião específica parecer um pouco mais que um simples gesto — possivelmente anulado pelas próximas atualizações nos “Termos de Serviço” —, é relacionada ao próximo movimento progressivo chamado de “techlash”.

A junção das palavras “technology” e “backlash” descreve um descontentamento crescente às violações de privacidade e aos monopólios dos gigantes da tecnologia.

Isso se manifesta na forma de regulações, como na Lei de Privacidade do Consumidor da Califórnia, que entrou em vigor no dia 1º de janeiro de 2020, e o surgimento dos protocolos criptografados — desde plataformas midiáticas descentralizadas a criptomoedas anônimas — que permitem aos usuários controlarem seus dados.

Alain Desmier, especialista em privacidade, fundador da Contact State, empresa de transparência de marketing e fraude de dados on-line, sugere que agora estamos indo em direção a uma situação em que ter mais controle sobre os próprios dados será uma realidade:

“O futuro do consentimento dos dados on-line vai girar em torno da troca baseada em recibos, em que um processador de dados notifica o consumidor sobre quais dados estão sendo armazenados, como esses dados serão usados e qual a validade”, afirmou Desmier à Brave New Coin.

“Em seguida, esses recibos serão usados por um consumidor como um rastro de auditoria de quem está armazenando seus dados, da mesma forma que você recebe um recibo de uma compra feita on-line.”