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Por que os fundos de ações se comportam de forma tão diferente do Ibovespa?

17 mar 2022, 15:54 - atualizado em 17 mar 2022, 15:54
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Saiba porque a grande maioria desses fundos têm perdido para o Ibovespa (IBOV) desde o fim de 2020(Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Muitos investidores estão intrigados e até perdendo o sono quanto aos desempenhos dos fundos de ações.

A grande dúvida é: “Por que a grande maioria desses fundos têm perdido para o Ibovespa (IBOV) desde o fim de 2020?

A equipe de analistas da série Os Melhores Fundos de Investimento fez um amplo estudo comparativo para explicar esse descolamento.

Nesta pesquisa, eles utilizaram o consolidado das posições da indústria de fundos de ações, baseado nas carteiras mais recentes abertas na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) em novembro de 2021, e o portfólio teórico do Ibovespa, avaliando ação por ação e seus setores.

Esse mesmo levantamento mostra que, os fundos de ações, na média, batem o principal índice da Bolsa no longo prazo.

“É normal o investidor estranhar essa diferença. Essa dúvida faz ainda mais sentido quando se sabe que, na média, os fundos batem o Ibovespa no longo prazo e que a indústria de fundos de ações long only [posições compradas] é altamente correlacionada entre si e com o Ibovespa”, comenta Bruno Mérola, analista que lidera a série

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Mas, então, por que isso vem acontecendo?

A conclusão é objetiva, segundo Mérola.

Por mais que o objetivo da maioria dos fundos seja bater o Ibovespa, que é benchmark de performance, há uma enorme diferença entre os ativos que compõem o índice da Bolsa e o que os gestores compram.

“O que pudemos observar, com base no acompanhamento da indústria e em conversas frequentes com os gestores, é que os números refletem nada mais do que a diferença entre as posições dos FIAs e do índice”, explica o especialista.

Mérola conta que há três principais motivos ligados à estratégia dos fundos que justificam esse descolamento:

  • Limites de concentração por regulamento. Por construção, os fundos têm limites rígidos em relação ao quanto podem investir em uma única empresa ou em um único setor. Uma posição acima de 10%, como é a alocação de 13% do Ibovespa em Vale, já é considerada bem relevante;

 

  • Maior viés para ações de crescimento e de companhias menores. Gestores de ações brasileiros, por mais que sigam, em sua maioria, a filosofia de value investing, tendem a ter no portfólio teses de investimento com múltiplos mais elevados e com menor capitalização de mercado. Isso é verdade especialmente após um momento relevante de mais de 90 IPOs nos últimos 18 meses, já que empresas listadas demoram a se tornar elegíveis ao Ibovespa;

 

  • Menor risco político e de variáveis não controladas. Geralmente, por experiências passadas desagradáveis, os fundos de ações preferem ter menos daquilo que não conseguem controlar: o risco político associado à intervenção em estatais brasileiras e exportadoras com receitas bastante sensíveis ao dólar ou ao preço de commodities.

 

Nesse relatório, é possível ver uma foto dos pesos dos principais papéis que compõem o Ibovespa em comparação com as participações (em média) que têm nas carteiras dos fundos de ações.

Enquanto o Ibovespa é composto por cerca de 50% em bancos e commodities (petróleo, extração mineral e papel e celulose), os fundos de ações têm 23% nesses dois setores e alocações maiores em varejo, utilities, saúde e transporte.

Desse modo, como os fundos de ações, na média, estão subalocados nos setores financeiro e de commodities, tendem a perder para o índice em momentos de alta de juros e de preços de commodities como o atual.

Por outro lado, são mais sensíveis a grandes teses de crescimento e aos fatores específicos de cada companhia.

“Historicamente, vários dos melhores fundos de ações da indústria têm entregado retornos bem gordos ao investidor no longo prazo”, destaca Bruno Mérola.

Entre os exemplos, Dynamo, Moat e Atmos, assim como outros indicados na série.

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