Por que o mercado entendeu que o Magazine Luiza (MGLU3) não é a Americanas (AMER3)
O Magazine Luiza (MGLU3) parecia que teria um dia difícil na Bolsa. O papel chegou a derreter mais de 7%, porém conseguiu diminuir a queda e fechar em estabilidade de 0,03%.
Mais do que o resultado, considerado positivo por parte do mercado, o que chamou a atenção foi o fato relevante comunicando que a empresa investiga uma denúncia anônima que aponta práticas ilegais de bonificação relativas a compras por parte distribuidores e fornecedores.
Segundo a varejista, foram mencionados na denúncia três distribuidores, os quais ao longo do exercício de 2022 representaram, aproximadamente, 3,5% do valor total de compra de mercadorias da Magazine Luiza.
Em meio ao trauma da Americanas (AMER3), que reportou rombo de R$ 20 bilhões, investidores se preocuparam com o impacto para o papel.
Segundo Fernando Ferrer, analista da Empiricus, a prática de receber bonificações de fornecedores devido ao atendimento do volume de compras acima do acordado é uma prática normal e representou R$ 390 milhões em 2022.
“Não parece ser um caso Americanas. Parece algo muito mais pontual, envolvendo poucas pessoas, para beneficio próprio. Não tem nenhum beneficio para a empresa. É negativo, mas não é isso que está guiando o desempenho dos papéis”, completa.
Já Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos, diz que o investidor pede, acima de tudo, transparência, algo que o Magazine Luiza fez.
“Se tem erro, fale agora ou calasse para sempre. Não que o mercado ignore a denúncia, mas precisa deixar transparente o que está fazendo. Isso é positivo. Mas se for uma denúncia que é verdade e que o Magalu usou uma manobra contável para esconder, aí a coisa vai se complicar”, coloca Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos.
Além disso, ele lembra que a criação de um comitê já deixa o mercado mais tranquilo.
“É de se preocupar porque se não fosse algo que não gerasse impacto para a empresa, nem teria se transformado em fato relevante. Mas, o mais importante é apurar o que aconteceu. Talvez não tenha acontecido nada. Os erros acontecem”, completa.
Na visão de Paola Mello, analista da gestora GTI, a notícia é certamente negativa, e é preciso levá-la a uma investigação mais profunda para apurar exatamente o que acontece e coibir este tipo de prática no futuro.
“Porém, não me parece um caso similar ao da Americanas. Só uma investigação mais profunda poderá nos dizer se isso foi um caso isolado ou se existem problemas estruturais”, completa.
De qualquer forma, completa, ascende uma luz amarela para o investidor. “É melhor ter cautela nesse momento”, diz.