Por que o leilão 5G pode destravar as exportações de carne sem a China passar recibo
Passou o leilão de outorgas para o 5G, sacramentou a participação indireta da Huawei como fornecedora de equipamentos às teles ganhadoras, e será que agora a China volta a importar carne bovina?
Como querendo passar um recado de insatisfação com o governo brasileiro, sempre crítico à gigante asiática, o recado teria sido dado, embora nunca Pequim assumiria que a vaca louca foi o subterfúgio que precisava para “punir” o Brasil politicamente. Mas, como se diz, agora a boiada já passou, a China já mostrou que pode mostrar os dentes sempre que for provocada, aproveitando qualquer brecha que possa surgir sem passar recibo.
Desde que passados pouco mais de 20 dias da demora da China em voltar a comprar carne bovina, interrompida em 3 de setembro, vários agentes do mercado e próximos de Brasília, em conversa com Money Times, passaram a desconfiar de que o caso era diplomático, uma vez que não haviam arestas técnicas.
Além de inúmeras críticas do próprio presidente, ex-ministros e de seus filhos, em várias frentes, o governo Bolsonaro manifestava desconfiança sobre o “perigo” de espionagem por parte da fornecedora chinesa. Vocalizava os Estados Unidos desde a administração de Donald Trump.
E só cedeu por pressão das operadoras, já que a Huawei é a mais barata e ainda é a que domina os equipamentos usados nas redes 3G e 4G.
A gigante chinesa ficará de fora do sistema 5G que as teles terão que construir para o governo. E isso já estava definido. Nokia e Ericson serão as fornecedoras.
Embora modesta em valores, na comparação com os investimentos que serão necessários para a cobertura do mercado nacional, deixou o gosto amargo aos chineses de que a desconfiança do governo brasileiro é incômoda.
Mas, se não há um represamento das importações também por controle da inflação e abastecimento interno melhor de carne suína, como parece haver também, negócios novos à parte.
Mas sem pressa, para não passar recibo, bem do jeito da China.