Por que o Ibovespa não decola e as Bolsas no mundo disparam? Daniel Goldberg explica
Em uma verdadeira aula de quase uma hora, o economista Daniel Goldberg – cujo currículo conta com a presidência do Morgan Stanley no Brasil -, explicou tintim por tintim os porquês de a bolsa brasileira não engrenar em 2021, enquanto que nos EUA o avanço do S&P 500 (SPX) já passa dos dois dígitos.
No papo com o estrategista-chefe da Empiricus, Felipe Miranda, o atual sócio da gestora Farallon cita que o mundo inteiro vive uma perigosa exuberância, enquanto a China parece ter destruído o equivalente a US$ 1,5 trilhão em valor com as suas recentes intervenções nas bigtechs, companhias de educação e no setor imobiliário.
Ele lembra que a crise do subprime, nos EUA, chegou a US$ 800 bilhões e se espraiou para o mundo inteiro. “O índice de high yield está quase no ponto do subprime nos EUA”, pontua Goldberg, esclarecendo que o mercado está agindo diferente nesta crise.
“Não acho que houve outro momento de destruição de valor tão rápido sem um contágio para os mercados emergentes. Isso denota que a regra do jogo mudou por conta das intervenções dos Tesouros ao redor do mundo. Elas foram tão assertivas que mudaram as correlações”.
Sobre o Brasil, Goldberg ressalta que os problemas mais fundamentais para o desempenho ruim do Ibovespa (IBOV) estão, mais uma vez, nas discussões políticas e fiscais.
“Sou como um patologista, invisto em disfuncionalidades. Neste aspecto, o Brasil é um dos três mercados mais interessantes do mundo para se investir hoje. Não tem um outro país que respeite a regra da lei, transparente e que tenha escala, tão bagunçado como o Brasil e que atenda a estas três condições”, provoca.
Mas, segundo ele, investir no Brasil “dá trabalho, mas tem muita coisa interessante para fazer”.
Confira a entrevista: