Por que o dólar não ficará abaixo dos R$ 5 tão cedo, segundo a XP
O dólar, para estar em um patamar justo quando comparado ao real, deveria estar entre R$ 4,20 e R$ 4,75, segundo um relatório elaborado pela XP Investimentos.
Longe do considerado “justo”, entretanto, a moeda norte-americana estava cotada a R$ 5,30 às 14h40 desta terça-feira (2) e, segundo a XP, o cenário não deve mudar tão cedo e a moeda não deve ficar abaixo dos R$ 5 neste ano.
São vários os fatores que contribuem para a moeda não abaixar, diz a corretora. Um deles é o aumento das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed, análogo ao banco central brasileiro). Os outros fatores têm mais a ver com questões internas do Brasil, segundo a XP.
“Mantemos nossa visão de que o câmbio continuará oscilando em torno dos níveis atuais nos próximos trimestres. Isso porque acreditamos que os riscos fiscais e políticos (muito mais difíceis de serem totalmente capturados pelos modelos) e a incerteza da dinâmica da pandemia no Brasil continuarão pesando sobre os ativos brasileiros pelo menos até a proximidade das eleições”, diz o relatório.
“De qualquer forma, esta nota mostra a “gravidade” da moeda brasileira em relação à valorização. Se, por qualquer motivo, aumentar a probabilidade de uma política fiscal responsável além das eleições, podemos ver o real continuar se fortalecendo. Neste relatório, demos uma ideia de até quanto ela pode ir”, finaliza.
O “patinho feio” das moedas
O real foi uma das moedas de mercados emergentes mais desvalorizadas desde o início da pandemia. Os analistas da XP apontam que a moeda brasileira é o “patinho feio”.
Em termos nominais, de acordo com a XP, o real desvalorizou quase 40%, “superando apenas a Argentina e a Turquia em um grupo de países emergentes selecionados pela Bloomberg”.
Quando o valor é ajustado pela inflação ao consumidor (CPI), o real continua com uma desvalorização alta, de 22%.
Em relação à história da moeda brasileira, a pesquisa da XP indica que a taxa de câmbio do real ficou 15% abaixo da médica histórica. Desde o início do Plano Real, entretanto, a média foi 29% menor.
“O crescente endividamento público e o baixo crescimento da produtividade nas últimas décadas puxam o valor de equilíbrio para cima – ou seja, deixam nossa moeda mais desvalorizada. Mas ainda assim, o topo do intervalo é abaixo de 5 reais por dólar. A robustez das nossas contas externas justificaria um real mais forte”, explicam os analistas.
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