Ambev (ABEV3): Por que Citi e Santander rebaixaram a recomendação para neutra?
A um pouco mais de um mês dos resultados do quarto trimestre, o Citi e o Santander revisaram as estimativas para Ambev (ABEV3) e rebaixaram a recomendação das ações da fabricante de bebidas para “neutra”.
Em reação, as ações da companhia operam entre as maiores baixas do Ibovespa (IBOV). Por volta de 11h (horário de Brasília), ABEV3 operava em queda de 2,04%, a R$ 11,02. Acompanhe o Tempo Real.
A Ambev divulga o balanço do quarto trimestre em 26 de fevereiro, antes da abertura do mercado.
O que explica a revisão do Citi
Na avaliação do Citi, o balanço do período entre setembro e dezembro de 2024 deve vir “morno”, com as operações brasileiras impactadas pelo clima e pela competição “intensa” do setor.
Segundo os analistas, a companhia enfrenta alguns ventos contrários como volumes mais lentos, ganhos modestos de preços e ventos decrescentes de custos devido às tendências de câmbio e commodities.
“Além disso, as crescentes pressões competitivas no Brasil, impulsionadas pela Heineken e Petrópolis, restringem o repasse de preços”, escreveram os analistas Renata Cabral, Tiago Harduim e Tomas Dragicevic, que assinam o relatório.
Eles estimam que os volumes de cerveja cairão 1% na base anual, com um aumento de 2% nos preços, abaixo da inflação.
Os volumes de negócios de bebidas não alcoólicas (NAB, na sigla em inglês) devem estar sob pressão e trazer ventos contrários de custo devido aos preços de açúcar.
Já o Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) deve somar R$ 8 bilhões e o lucro líquido em R$ 4,4 bilhões.
Além do rebaixamento para neutra, o banco também cortou o preço-alvo de R$ 14,50 para R$ 11,80 — o que ainda representa um potencial de valorização de 4,90% em relação ao preço de fechamento da véspera (21).
Para o Citi, o desconto atual das ações em relação aos pares globais pode não ser um catalisador suficiente.
Os motivos do Santander
O Santander também levou em conta a inflação nos custos — que foi impulsionada pela depreciação do real e pelo custo de embalagem — para rebaixar a recomendação do papel.
“Estimamos que a perspectiva de custo unitário da empresa para a divisão de cerveja do Brasil, que geralmente é anunciada junto com os resultados do quarto trimestre, aponte para um aumento de 8% ano a ano”, diz o relatório.
O analista Guilherme Palhares, que assina o relatório, espera que o resultado líquido do quarto trimestre fique estável na comparação anual, atingindo R$ 4,4 bilhões. Para ele, o fluxo e inventário no varejo pode limitar ganhos na participação de mercado.
Assim como o Citi, o Santander reduziu o preço-alvo de R$ 16 para R$ 12, o que representa um potencial de alta de 6,66% sobre o preço de fechamento
O que esperar de Ambev em 2025
Para este ano, o Citi prevê um crescimento de 2% nas receitas na comparação com 2024 e Ebitda estável.
“Prevemos uma contração da margem Ebitda de 50 pontos-base para 30,7% em 2025, sob pressão vinda dos preços das commodities e do efeito negativo da depreciação da paridade real/dólar no CPV (custo de produção vendida). Prevemos um aumento do lucro líquido de um dígito médio”, afirmam os analistas.
Já o Santander destaca que Heineken já começou a comissionar uma nova instalação, que deve aumentar a capacidade total da empresa em cerca 10%, chegando a 5 milhões de hectolitros.
O analista do banco também afirma que a perda de mercado pela Petrópolis, em recuperação judicial, pode representar um potencial de crescimento para a Ambev. Contudo, esses clientes adicionais devem ser divididos com a Heineken.