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Por que o BTG Pactual e o Credit Suisse não se entendem sobre o balanço da BR Malls

13 mar 2020, 10:44 - atualizado em 13 mar 2020, 10:44
brMalls BRML3
Bom ou ruim? Para o BTG, balanço foi sólido; para o Credit, “sem brilho” (Imagem: Money Times/Gustavo Kahil)

A BR Malls (BRML3) divulgou seus resultados do quarto trimestre de 2019 na noite desta quinta-feira (12) e se tornou o mais recente exemplo de que ler números não é uma tarefa tão objetiva, quanto se pensa. O Credit Suisse e o BTG Pactual divulgaram relatórios com visões opostas sobre o desempenho da empresa.

O Credit Suisse classificou o desempenho de “sem brilho”. Já o BTG Pactual o chamou de “sólido”. É possível que o mau humor do banco suíço com a operadora de shopping centers se deva, em parte, à elevada expectativa – afinal, seu preço-alvo para o papel é de R$ 17,40, com recomendação de compra.

O BTG Pactual acompanha a indicação de compra, mas com preço-alvo menor – R$ 15.

De qualquer modo, os números divulgados pela BR Malls mereceram comentários dos dois bancos. Gustavo Cambau vá e Elvis Credenciou, que assinam o relatório do BTG Pactual, observam que a maioria dos números ficou dentro das expectativas, mas alguns vieram muito mais fortes, como o ebitda ajustado de R$ 265 milhões.

A dupla classificou o balanço como “sólido”, com destaque para a queda da inadimplência dos lojistas e o aumento da receita gerada no critério mesmas lojas – aquelas em operação há, pelo menos, 12 meses.

A única nota negativa, segundo o BTG Pactual, foi o pequeno aumento das vendas no critério mesmas lojas – 3,7% sobre o quarto trimestre de 2018. “Esperávamos um resultado mais forte, após a venda do portfólio não estratégico”, diz o banco.

“Sem brilho”

Luis Stacchini, Eduardo Costa e Vanessa Quiroga, que assinam a análise do Credit Suisse, foram bem mais comedidos nos comentários, ao afirmar que os números do quarto trimestre foram “sem brilho, como esperado”.

Justamente aquilo que seus colegas do BTG Pactual apontavam como digno de elogio – a venda de ativos não estratégicos – foi mencionado pela equipe do Credit Suisse como responsável por um efeito indesejado: uma queda maior que a prevista das receitas.

Risco: coronavírus pode derrubar o fluxo de visitantes nos shoppings da BR Malls (Imagem: Facebook/Shopping VillaLobos)

Outras linhas do balanço foram classificadas como “flat”, isto é, sem variação expressiva em relação ao quarto trimestre de 2018 ou às expectativas do Credit Suisse. É o caso do ebitda de R$ 254 milhões, 2% abaixo da expectativa do banco, e do fluxo de caixa operacional, 6% inferior ao esperado.

As vendas pelo critério mesmas lojas também foram as menores, entre as operadoras de shoppings acompanhadas pelo banco. Isso não quer dizer que a equipe não tenha confiança no futuro da BR Malls. Mas o cenário geral não ajuda.

“Sentimos que a volatilidade das taxas de longo prazo e os potenciais impactos que podem surgir da expansão do coronavírus no Brasil, provavelmente acarretando menores tráfegos de pedestres e veículos, bem como um impacto significativo na venda dos lojistas, tomaria os primeiros lugares no desempenho das ações”, diz o Credit Suisse.

Veja o relatório da BR Malls e tire suas próprias conclusões.