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Por que o bitcoin é importante?

06 set 2020, 11:00 - atualizado em 02 set 2020, 16:13
O bitcoin nos fornece, pela primeira vez na História, uma forma segura de envio de dinheiro para outro usuário em qualquer parte do mundo sem possibilidade de fraude e com garantia de legitimidade (Imagem: Freepik/diana.grytsku)

Em artigo para o famoso jornal The New York Times, Marc Andreessen, cofundador da Andreessen-Horowitz (a16z), uma das maiores empresas de capital de risco da indústria cripto, argumenta por que o bitcoin importa.

Ele começa seu texto traçando um paralelo com a internet, tecnologia que parece ter surgido do nada, mas foi resultado de duas décadas de pesquisa e desenvolvimento extensos.

Enquanto muitos idealistas políticos não acreditam no potencial, outros, “nerds” e tecnólogos viram a noite estudando sobre essa tecnologia. O mesmo pode ser dito sobre o bitcoin.

André Franco: o que é bitcoin?

Andreessen explica que o bitcoin é a primeira solução prática para um problema antigo na ciência da computação chamado “Problema dos Generais Bizantinos”, publicado em 1982.

Um exército bizantino está atacando uma cidade que está cercada. Para avançar, os generais que estão espalhados em volta do perímetro da cidade devem concordar sobre um plano de batalha.

Embora alguns generais desejam atacar, outros querem recuar. Complicando ainda mais a questão, os generais estão tão longe um dos outros que os mensageiros são encarregados da comunicação; um ou mais generais também podem ser traidores.

Para decidir o próximo passo, a maioria (51% ou mais dos generais) deve concordar sobre uma estratégia específica.

O bitcoin é conhecido por sua habilidade em transferir dinheiro sem que haja intermediários, como bancos, e de forma rápida, em questão de minutos (Imagem: Freepik/stories)

Esse Problema dos Generais Bizantinos é análogo à resolução de questões de consenso no blockchain. Os nós devem concordar sobre um conjunto específico de regras e conseguirem avançar ao concordar com uma avaliação específica das informações de transação antes desta ser acrescentada ao blockchain.

Assim, o bitcoin nos fornece, pela primeira vez, uma forma de um usuário da internet enviar propriedade digital para outro usuário de forma segura, em que todos saibam que essa transferência aconteceu e não possam questionar sua legitimidade.

Existe um algoritmo de consenso perfeito
para blockchains?

Ele explica que o bitcoin é um novo tipo de sistema de pagamentos. Qualquer pessoa no mundo pode realizar um pagamento com qualquer quantia de bitcoin. As taxas de transferência são muito baixas, em comparação às altas taxas de sistemas financeiros tradicionais.

Em seguida, Andreessen afirma:

O bitcoin é uma moeda digital, cujo valor é baseado diretamente em duas coisas: no uso do sistema atual de pagamentos — volume e velocidade dos pagamentos executados no registro — e na especulação sobre o futuro uso do sistema de pagamentos. Esse é uma parte que confunde as pessoas.

Não é que a criptomoeda bitcoin tenha valor arbitrário e as pessoas a negociem, e sim que pessoas podem negociar com bitcoin (em qualquer lugar, a qualquer momento, sem possibilidade de fraude e taxas baixas ou zero) como um resultado de seu valor.

Comerciantes podem ver o atrativo no bitcoin quando pensam em eliminar o risco de fraude de cartão de crédito, motivo pelo qual muitos criminosos se dão ao trabalho de roubar informações pessoais e números de cartão de crédito de clientes (Imagem: Freepik/master1305)

Ele afirma que a desconfiança em usar bitcoin como pagamentos é um problema do “ovo ou a galinha?” de qualquer nova tecnologia: não vale muito até valer muito.

“O fato de o bitcoin ter aumentado em valor — em parte porque a especulação está tornando a realidade de sua utilidade chegar muito mais rápido”, afirma Andreessen.

A facilidade de uso do bitcoin está aumentando cada vez mais conforme surgem novas ferramentas e melhorias às tecnologias.

Outra crítica é que “comerciantes não irão aceitar o bitcoin devido à sua volatilidade”.

Andreessen diz que essa hipótese é incorreta, pois a criptomoeda pode ser usada “completamente como um sistema de pagamento; mercadores não precisam reter bitcoin ou estarem expostos à volatilidade do bitcoin. Qualquer cliente ou comerciante pode negociar bitcoin e outros criptoativos quando quiserem”.

O bitcoin pode até ser o “queridinho” do mercado ilegal, mas não foi para isso que ele foi criado  (Imagem: Crypto Times)

Comerciantes podem ver o atrativo no bitcoin quando pensam em eliminar o risco de fraude de cartão de crédito, motivo pelo qual muitos criminosos se dão ao trabalho de roubar informações pessoais e números de cartão de crédito de clientes.

Rebatendo mais outra crítica, de que o bitcoin é um refúgio para atividades criminosas para maus agentes transferirem dinheiro de forma anônima e não sejam punidos. Isso é um mito difundido por quem não entende a tecnologia.

Fabrício Alexandre: qual é a relação
entre o bitcoin e a deep web?

Ele explica que o sistema Bitcoin é pseudonímico, e não anônimo. Assim, cada transação na rede é rastreada e registrada para sempre no blockchain, disponível para quem quiser consultar. Assim, o bitcoin torna mais fácil o rastreio do que dinheiro em espécie, ouro ou diamantes.

Em relação ao futuro dessa tecnologia, Andreessen explica que o bitcoin possui quatro constituintes que ajudam na expansão de seu valor:

1) clientes que pagam em bitcoin;
2) comerciantes que aceitam bitcoin;
3) mineradores que executam computadores para o processamento e a validação de todas as transações e permitir que a rede distribuída exista; e
4) desenvolvedores e empreendedores que estão criando novos produtos e serviços acima do Bitcoin.

Criptoativos darão mais autonomia a populações de países emergentes, pois não seriam tão afetadas pela inflação de outras moedas dominantes (Imagem: Crypto Times)

Andreessen argumenta que uma grande área que o bitcoin irá abalar é o de remessas digitais internacionais. Isso porque centenas de milhões de pessoas de baixa renda emigram para trabalhar e enviar dinheiro de volta à sua família no país de origem.

Porém, para realizar transferências internacionais, esses trabalhadores pagam altas taxas de câmbio e o valor acaba diminuindo muito.

Assim, o Bitcoin, que cobra baixas taxas ou nenhuma taxa, pode ser uma alternativa para aumentar significativamente a qualidade de vida de trabalhadores emigrantes e suas famílias.

“Na verdade, é difícil pensar em algo que teria um efeito mais rápido e positivo em tantas pessoas nos países mais pobres do mundo”, explica ele.

Ele conclui:

Longe de ser apenas um conto de fadas libertário ou um simples exercício empolgante do Vale do Silício, o Bitcoin oferece uma visão arrebatadora da oportunidade de reimaginar como o sistema financeiro pode e deve funcionar na era da internet e uma catálise para remodelar esse sistema de formas que são mais poderosas para pessoas e empresas parecidas.