Economia

Por que o Banco Central não dá bola para dados de inflação e deve manter Selic em 13,75% até setembro

09 maio 2023, 15:28 - atualizado em 09 maio 2023, 15:33
IPCA-15, inflação
Inflação de março voltou para dentro da meta, mas Banco Central explica que as projeções para o segundo semestre não são positivas. (Imagem: Mehaniq)

Em março, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) voltou para dentro do teto da meta pela primeira vez desde fevereiro de 2021. Isso animou tanto o mercado, quanto o governo que começaram a rever as suas projeções para a queda da Selic.

Nesta semana, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga os dados da inflação de abril e o acumulado também deve se manter em torno do teto da meta estabelecida para 2023, de 4,75%.

No entanto, essa empolgação não chegou ao Banco Central. Na época, o presidente do Banco Central Roberto Campos Neto chegou a dizer que a inflação no Brasil caiu, mas pressões permanecem em meio a um componente de demanda “relativamente forte”.

Depois de muita crítica do governo, que pressiona para uma queda da taxa básica de juros, o Banco Central resolveu reforçar na ata do Copom o que está rolando com a inflação e porque os dados recentes do IPCA não significam nada para a autoridade monetária.

O Banco Central destacou que, para o segundo trimestre, é, sim, esperada uma queda relevante na inflação acumulada em doze meses em função do efeito base do ano anterior. Em maio e junho de 2022, o IPCA mensal se encontrava abaixo do 1% e isso vai influenciar nos números acumulados dos próximos meses.

Além disso, entre julho e setembro, o país registro deflação. Por outro lado, o segundo semestre deve ser marcado por uma volta na alta dos preços.

“No segundo semestre, como os efeitos das medidas tributárias que reduziram o nível de preços no terceiro trimestre de 2022 não estão mais incluídos na inflação acumulada e ainda se terá a inclusão dos efeitos das medidas tributárias deste ano, se observará elevação do mesmo indicador”, aponta o texto.

Além disso, as expectativas de inflação do Banco Central seguem desancoradas das metas definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

“Por diversas vezes a autoridade ressaltou que a trajetória desinflacionaria está mais vagarosa do que o esperado, ao passo que serviços segue mostrando resiliência”, afirma Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

Selic abaixo de 13,75%? Só para setembro

Com isso, o Banco Central deve segurar a Selic em 13,75% por mais uns meses para confirmar como a inflação se comportará nos próximos meses.

Para Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital, com essa ata, certamente o mercado não verá uma sinalização da autoridade monetária em realizar cortes na Selic na próxima reunião.

“Ainda é cedo para falar sobre a reunião de agosto, mas mercado ainda não vislumbra a possibilidade de cortes no início do segundo semestre, precisamos acompanhar a evolução fiscal e da inflação”, afirma.

Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs, destaca que a sinalização da ata e o tom geral não diferem de maneira material da declaração de política conservadora pós-reunião. Assim como a inflação projetada para o final de 2023 e 2024 não mudou em relação à reunião anterior.

“O Copom reitera que o processo de desinflação, no estágio atual, exige ‘serenidade e paciência na condução da política monetária para a convergência da inflação às suas metas’”, diz.

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