Por que MRV (MRVE3) e Tenda (TEND3) são a bola da vez na Bolsa?
A temporada de prévias operacionais de empresas de construção civil começou e as ações de construtoras de baixa renda mostram que o segmento é a bola da vez.
Com isso, as ações da MRV (MRVE3) lideram as altas no índice Ibovespa, com avanço de 8,3%, após divulgar sua prévia operacional do primeiro trimestre de 2023, ontem à noite.
A Tenda (TEND3), que também reportou seus dados de janeiro a março, dispara 12%, considerando as cotações por volta das 13h50 (de Brasília) no pregão desta quinta-feira (13).
MRV freia lançamentos e queima menos caixa
De janeiro a março deste ano, a MRV registrou vendas líquidas totais de R$ 1,82 bilhão, alta de 4,3% na base anual. Segundo a empresa, foi o melhor primeiro trimestre de vendas líquidas do segmento de incorporação.
A construtora mineira destacou a presença dominante em diversas praças fora das capitais São Paulo e Rio de Janeiro e mudanças recentes no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) impulsionaram o recorde.
Entretanto, os lançamentos de todas as marcas da MRV&Co atingiram valor geral de vendas (VGV) de R$ 982 milhões, quedas de 43,6% ante um ano antes e de 71,8% em relação ao quarto trimestre. De janeiro a março, foram lançadas 2,6 mil unidades, cinco vezes abaixo do volume registrado de outubro a dezembro.
A empresa de construção civil queimou R$ 208 milhões de seu caixa no primeiro trimestre, queda de 49% ante outubro a dezembro, considerando apenas a operação brasileira. Somando os R$ 581 milhões da subsidiária norte-americana Resia, a queima consolidada foi de R$ 789 milhões.
O diretor de real estate da XP, Ygor Altero, avalia que a empresa apresentou dados mistos, destacando que os lançamentos diminuíram significativamente no trimestre.
“Foi pela maior seletividade de projetos, buscando recuperar rentabilidade. Além disso, focou no crescimento da VSO [velocidade de vendas, de 22%], aumentando o giro de vendas devido ao maior volume de lançamentos no quarto trimestre”, comenta.
Altero reforça que a queima de caixa foi significativa. No entanto, ele vê a redução gradual do consumo de caixa como uma indicação positiva do processo de recuperação da rentabilidade em curso.
Para os analistas de real estate do BTG Pactual, os resultados da MRV no curto prazo devem seguir fracos até que os projetos de “safras mais antigas” sejam concluídos. Com isso, eles acreditam que os números prévios do primeiro trimestre já mostraram alguma recuperação, com “boas vendas e redução do consumo de caixa”.
Tenda dispara com números dentro do esperado
As vendas líquidas da Tenda somaram R$ 611,1 milhões de janeiro a março, alta de 2,3% na comparação anual, considerando também os resultado da subsidiária Alea. Em contrapartida, a empresa de construção civil vendeu 9,3% menos ante o quarto trimestre.
A velocidade de vendas sobre a oferta líquida (VSO) ficou em 24,4%, quedas de 2,1 pontos percentuais (p.p.) na base anual e de 1,2 p.p. no comparativo trimestral.
Os analistas do Santander que acompanham o setor comentam que os números da prévia ficaram dentro do esperado. Contudo, a recomendação para as ações da Tenda seguem neutras, considerando seu fraco impulso de ganhos, com perdas líquidas e consumo de caixa projetado para os próximos 12 meses.
No mais, o Santander considera as incertezas associadas à magnitude da margem bruta de recuperação, já que a VSO líquida ficou um pouco abaixo da meta da companhia.
Para a equipe de real estate do JPMorgan, no entanto, “foi um bom trimestre para a Tenda”, com destaque para as vendas líquidas. O BTG destacou que os resultados foram consistentes, mas chamou a atenção para a alavancagem, que deve seguir alta.