Por que investir na B3 (B3SA3) não é consenso entre analistas, mesmo com Ibovespa pronto para atingir recorde?
O Ibovespa está em seu maior nível desde julho de 2021. Os últimos pregões foram positivos para o índice, que aproveitou a queda na curva das taxas futuras de juros após a divulgação de dados econômicos positivos tanto no Brasil quanto lá fora, especialmente nos Estados Unidos.
Aos poucos, o mercado volta a levantar os ânimos para a renda variável. Já pensando no próximo ano, o Itaú BBA vê mais potencial para o Ibovespa. Inclusive, o banco levanta a possibilidade de o índice atingir o recorde histórico de 145 mil pontos em 2024.
Recentemente, a instituição assumiu a cobertura de ações brasileiras com recomendação de “overweight”, considerando os seguintes pontos pontos:
- valuation consolidado atrativo, com a Bolsa sendo atualmente negociada a 7,9 vezes P/L (preço sobre lucro) para os próximos 12 meses, desvio padrão abaixo da média histórica;
- potencial de crescimento decente para o LPA (lucro por ação) em 2024, acima de 10%, com revisões estáveis e 82% das companhias apresentando crescimento do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) acima da inflação;
- mercado está pouco posicionado, com realocação para ações atrasada; e
- expectativa do time de macroeconomia do BBA de taxa terminal da Selic no curto prazo em único dígito (9,5%).
Apesar disso, apostar na ação da B3 (B3SA3), a dona da Bolsa de Valores brasileira, ainda não é consenso entre especialistas.
O que diz o lado comprador
O BBA e a Genial Investimentos são algumas das instituições com recomendação de “outperform” (desempenho esperado acima da média do mercado), equivalente a “compra”. O rating do BBA foi reforçado logo após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre do ano, apesar de os analistas terem recebido os números com viés neutro.
Além do valuation atrativo, com a ação negociada a 13 vezes P/L (preço sobre lucro) ajustado para 2024, a instituição entende que a companhia conseguiu mostrar certa resiliência nos negócios no balanço mais recente.
De acordo com o BBA, o suporte vindo da performance de algumas linhas de receita e o controle contínuo das despesas posiciona a companhia a apresentar resultados melhores assim que os volumes começarem a ganhar tração.
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O que diz o outro lado
Para os mais cautelosos, a B3 enfrenta um ambiente competitivo mais complexo. A XP Investimentos, que tem recomendação neutra, levanta preocupações com o nível de lucratividade estabilizado a longo prazo devido às recentes aquisições.
Em comentário sobre os últimos dados operacionais mensais divulgados pela companhia, a Guide Investimentos afirma que, mesmo com o ciclo de corte de juros no Brasil, as incertezas envolvendo o tempo de duração do aperto monetário nos Estados Unidos acabam afastando o investidor estrangeiro da Bolsa local, o que impacta diretamente nos números da B3.
Segundo a corretora, o cenário de juros elevados nos EUA pode ser visto como um desafio para a entrada de maior fluxo estrangeiro e até mesmo institucional no mercado de renda variável brasileiro.
“Mesmo […] tendo a ciência de que as ações companhia se comportam como uma proxy do sentimento Brasil e maior apetite de risco por renda variável, acreditamos que os fundamentos podem seguir pressionados por mais alguns meses, algo que junto ao risco do potencial fim do JCP (juros sobre o capital próprio), que também impacta o papel, pode acarretar revisão no lucro médio estimado pelo mercado para a companhia”, diz.
Na avaliação da Guide, existem outros ativos com melhor performance operacional e valuation mais atrativo para se expor ao cenário de queda da Selic, como o BTG Pactual (BPAC11).
Em outubro, a B3 viu o volume médio diário de negociações (ADTV) contrair 34,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Considerando setembro, a queda foi de 0,5%.
Vale lembrar que outubro foi marcado por um cenário negativo para o mercado de renda variável devido a preocupações envolvendo o cenário de alta de juros pelo mundo. No mês, investidores estrangeiros retiraram bilhões de reais da Bolsa brasileira, o que levou a um saldo negativo em R$ 2,8 bilhões no período.