Por que Inter (INBR32) é compra, mesmo com alta da Selic, segundo JPMorgan
O Inter (INBR32) não escapou do mau humor dos mercados, com queda de 24% no último mês, contra recuo de 1% do Ibovespa, o que, na visão do JPMorgan, criou uma boa oportunidade para ter as ações da companhia.
Em relatório, o banco reafirmou a recomendação de compra prevendo potencial de alta de 52%, com preço-alvo de R$ 42 para as BDRs.
Por volta das 11h35, INBR32 subia 4,67%.
Apesar do potencial, o JP diminuiu a projeção de lucro em 3% para R$ 1.4 bilhão, 3% abaixo do consenso, para incorporar Selic mais alta e o cenário macro mais complicado no Brasil.
Ainda assim, os analistas notam que a empresa passou por mudanças importantes (notadamente estratégia de hedge ativo e reprecificação de produtos), o que a deixou melhor posicionada para navegar neste ciclo.
Ademais, o portfólio do Inter é composto principalmente por linhas de crédito garantidas (60% dos empréstimos).
Para o JP, o banco tem uma grande base de clientes que permitirá que melhore gradualmente a alavancagem operacional e se traduza em maior ROE (retorno de rentabilidade).
Nos cálculos, o ROE encerrará 2025 em torno de 14,5%, com quarto trimestre “realmente acima de 16%”.
“Notavelmente, a Inter vem melhorando sua estrutura tributária, e agora assumimos uma taxa de imposto mais baixa de 23% para a empresa. O ROE da Inter está subindo gradualmente e deve em breve ultrapassar a média do setor (e alguns bancos tradicionais)”.
Inter: Uma decepção, mas que pode melhorar
Segundo os analistas, as despesas gerais e administrativas têm sido o elefante na sala ultimamente, com um terceiro trimestre decepcionante, mesmo após o ajuste para a InterPag.
“Entendemos que contratar mais funcionários seniores e investir em novas áreas é importante, mas a história da Inter depende da alavancagem operacional, e achamos negativo ver a relação custo-receita permanecer praticamente estável em 2024 após um bom 2023”, coloca.
O banco espera que a alavancagem operacional retome sua trajetória de melhoria e, embora o primeiro semestre possa permanecer uma comparação difícil, “esperamos que as despesas administrativas compensem parcialmente as maiores despesas com pessoal”.
Nas expectativas do JP, as despesas vão crescer 13% no ano, o que está materialmente acima da inflação no Brasil, em torno de 5%, mas em queda relação ao crescimento de 18% em 2024.
“O discurso da administração é que a eficiência deve continuar melhorando, embora em um ritmo mais lento, talvez 1-2p.p. por trimestre, com o objetivo de atingir a média baixa de 40% no final de 2025”.
Ar fresco
E o JP não é único que está otimista com Inter. O Citi diz que a fintech ainda respira ar fresco, “pois está no início de um processo de risco, além de sua diversificação bem-vinda”.
“O Inter acaba de lançar seu portfólio de empréstimos sem garantia, o que deve apresentar benefícios nos próximos trimestres, em nossa visão”.
De acordo com os analistas, a fintech conseguiu registrar uma forte recuperação em sua lucratividade com o ROE (retorno sobre o patrimônio) tendendo a subir.
O portfólio de financiamento ao consumidor, composto por pix, cheque especial, entre outros, ultrapassou R$ 500 milhões no terceiro trimestre. Porém, o Citi vê a cifra em R$ 700 milhões no quarto trimestre.
Entre julho e setembro, o banco teve resultado trimestral recorde, com lucro líquido de R$ 260 milhões, de R$ 104 milhões um ano antes, em meio a um forte crescimento de receita líquida e melhora na rentabilidade.
Projeções de analistas compiladas pela Lseg apontavam expectativa média de lucro líquido de R$ 250,5 milhões para a companhia no terceiro trimestre.
A receita líquida cresceu 32% em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 1,7 bilhão.