Economia

Por que Haddad deve agir como ‘goleiro’? Saiba como as decisões do Banco Central dos EUA desafiam a Selic e o ministro

22 fev 2024, 17:11 - atualizado em 23 fev 2024, 16:26
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“Haddad está ‘jogando na defesa’ e fazendo o que tem que fazer”, afirmou CEO da Bradesco Asset Management no evento BTG Summit 2024 (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O BTG Summit 2024 trouxe Tiago Berriel, sócio e estrategista-chefe do BTG Pactual Asset, Bruno Serra, portfolio manager do Itaú Asset, e Bruno Funchal, CEO da Bradesco Asset Management, com mediação da economista Stefanie Birman, para discutir as economias brasileira e americana.

Discutindo “Economia em Foco: Desafios e Oportunidades Globais”, os economistas trouxeram suas visões sobre temas como a influência dos dados inflacionários dos Estados Unidos (EUA) para o Brasil, as diferenças comunicativas entre os bancos centrais dos dois países e os sentimentos do mercado com as mudanças na Selic e cortes nas taxas de juros americanas.

Economistas discutem dados da economia americana

Bruno Serra, que já foi diretor do Banco Central, afirmou que a possibilidade de uma recessão americana parece cada vez mais distante.

Para ele, o Federal Reserve (Fed) tem “todas as cartas na mão” e pode escolher quando realizar os cortes nas taxas de juros, em março, com cortes sem pressa, ou em agosto, cortando mais rápido.

Tiago Berriel, também ex-diretor do BC, apontou o fato de o processo de desinflação no país ter sido muito robusto durante o segundo semestre do ano anterior, com custos muito baixos. Para ele, o corte pode ser feito em maio ou junho, com quatro ou cinco ao longo do ano.

Nas discussões sobre as diferenças comunicativas entre os bancos centrais dos dois países, Bruno Funchal trouxe à tona a necessidade de um banco analisar dados, pensar na direção da política monetária e trazer a informação a público de forma a gerir as expectativas do mercado.

Berriel notou que a comunicação do BC dos EUA é baseada na dependência dos dados analisados, mas que, por vezes, ocorre uma contradição nas mensagens, à medida que os índices observados para alterar a política econômica são alterados, gerando volatilidade.

Selic também é foco

Serra afirmou que o Banco Central brasileiro está em um momento que poderia retirar a comunicação de duas reuniões à frente, tendo maior liberdade nesse cenário.

“O mercado ainda tem um pé atrás com a transição do BC. Quanto mais tiver uma atuação conservadora, mais vai conseguir frutos com esse momento”, afirmou.

Para Bruno Funchal, a economia brasileira ainda é muito dependente do que acontece nos EUA, com a projeção da Selic dependente do que o Fed propõe para a economia do próprio país.

Tiago nota que há uma volatilidade nas curvas de câmbio do exterior, mas que, internamente, o Banco Central parece estar controlando as expectativas sobre as taxas de juros, com as contas externas do país servindo como porto-seguro.

Haddad deve agir como “goleiro”

O CEO da Bradesco Asset Management afirmou que o BC deve trazer credibilidade, e que algumas medidas para isso já são realizadas, como as discussões de desoneração da folha, performance de arrecadação e medidas infralegais.

“A melhor mensagem é o Ministro da Fazenda ser o ‘goleiro do time’, Haddad está ‘jogando na defesa’ e fazendo o que tem que fazer”, afirmou.

Quando os EUA cortarão as taxas de juros e o que acontecerá com a Selic?

De acordo com o CME FedWatch Tool, a expectativa de cortes nas taxas de juros está reunida no mês de junho. Para a data dessa reunião, 68,5% do mercado acredita na diminuição dos números.

Para Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, a ata do Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto) divulgada ontem (21) traz sinais de que o início do ciclo de cortes de juros está concentrado no terceiro semestre de 2024, com dados de inflação fortes e mercado aquecido.

“Reconhecemos, no entanto, que o quadro pode mudar antes da reunião do Fed de maio. Até lá, cinco dados de inflação nos EUA serão divulgados e poderão dar a confiança necessária para os membros do comitê optarem por um corte já no segundo trimestre deste ano”, afirmou.

Para o Brasil, de acordo com uma pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), metade dos bancos acredita que a taxa Selic deverá chegar ao fim de 2024 pouco acima de 9% ao ano. Atualmente, ela está em 11,25% ao ano.

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