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Por que devemos estar tranquilos em meio à recente queda do bitcoin?

22 jan 2021, 16:34 - atualizado em 22 jan 2021, 16:37
Entenda por que não há motivo para entrar em pânico esta semana com a oscilação de mercado (Imagem: Freepik/pvproductions)

Para aqueles que ainda não estão muito envolvidos no mercado cripto, ontem (21) foi um bom dia para novos compradores adquirirem cripto, e uma transferência de riqueza por alguns dos vendedores mais fracos em comparação àqueles que realmente possuem uma tese de investimento.

A variação foi de 10% da parte mais inferior da queda do bitcoin, mas ainda é importante considerar o amplo contexto, e levar a sério o desempenho de um mês dos dez principais criptoativos, pelo bem de sua sanidade:

(Imagem: Messari Screener)

USDT está estável porque é uma stablecoin; XRP, por ter sido deslistado de 25 corretoras e plataformas de liquidez, além de estar enfrentando um processo multibilionário pela SEC.

Então estamos bem, mas seria este o início do fim? É meio bobo pensar nessa pergunta. Mas, considerando que você seja um novato e um dos poucos investidores de cripto que estão (temporariamente) submersos.

Qual tríade de manchetes parece ter chamado mais a atenção ontem:

1) a preocupação com a solvência da Tether?

2) a preocupação com os comentários sobre cripto de Janet Yellen durante sua audiência de confirmação no Senado?

3) a preocupação com o “gasto duplo” do BTC?

Em outras palavras: medo, incerteza e dúvida. Vamos debatê-las de baixo para cima.

O tal “gasto duplo” foi uma reorganização mínima (e bem comum) do blockchain que aconteceu quando dois blocos foram minerados quase simultaneamente. Foi corrigido, segundo o mesmo protocolo de bitcoin que funciona desde 2009, em menos de meia-hora (após diversas confirmações).

Andreas Antonopoulos explicou todo o ocorrido, destacando que uma reorganização de blocos (dez minutos) acontece em algumas semanas, e duas reorganizações de blocos (20 minutos) acontecem poucas vezes ao ano. Quase nunca vimos mais de três reorganizações do blockchain.

Ainda assim, esse “gasto duplo” de US$ 22 foi noticiado inutilmente e qualquer um que soubesse do que estamos falando iria rir e imediatamente contestar essa acusação falsa.

Em seguida, houve o comentário sobre cripto da Yellen, que foi bem repetitivo para uma reguladora:

Devemos analisar os benefícios e o potencial de melhorar a eficiência do sistema financeiro e limitar seu uso para atividades maliciosas e ilegais.

Isso é uma reviravolta surpreendente da fortuna regulatória? Não.

A melhor forma de acabar com o auge de cripto seria uma versão modificada de sua proposta absurda de taxar ganhos não realizados. Aplicações indiscriminadas de impostos sobre ganhos não realizados seria um ataque suicida para os mercados acionários, então isso não irá acontecer.

Mas se fôssemos maldosos (assim como nossos soberanos), poderíamos considerar cripto como “forex” e aplicar o imposto à classe de ativos para limitar seu auge. Isso é bem provável.

Por fim, houve o choque de realidade da Tether. Uma vez a cada ano, alguns novatos percebem que Tether é bem suspeita por necessidade.

Você não pode chegar no JPMorgan com US$ 25 bilhões em depósitos em dinheiro, tokenizá-los e espalhá-los em corretoras cripto internacionais reguladas e não reguladas, né?

Em vez disso, Tether e Bitfinex sempre brincaram de gato e rato para garantir depósitos em dólar.

São bem opacas desde o início, os bancos parecem superficiais e a ótica de gestão da tesouraria são uma porcaria mas, na hora do aperto, as pessoas com dinheiro (mesas de mercado de balcão, corretoras, baleias) sabem que sempre houve dinheiro aí.

No desenrolar, o dinheiro irá voltar para o bitcoin, como um ativo de reserva, então pode ser um choque negativo e imediato. Assim, a reversão positiva como a reserva de liquidação global de cripto voltará para o bitcoin.