Atos Antidemocráticos

Por que Bolsonaro não deve ser preso, segundo um ministro do STF

22 jan 2023, 12:47 - atualizado em 22 jan 2023, 12:47
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Anti-herói: prisão de Bolsonaro o transformaria no mártir da extrema direita, diz ministro do STF (Imagem: Ag. Brasil/ Valter Campanato)

O ex-presidente Jair Bolsonaro não deve ser preso. A avaliação é de um ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), que falou com a coluna Radar, da edição da revista Veja desta semana, na condição de anonimato.

Apontado por seu sucessor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de tramar um golpe que impedisse sua posse ao contestar o resultado das eleições de outubro, Bolsonaro encontra-se atualmente nos Estados Unidos.

Após bolsonaristas destruírem as sedes do governo federal (Palácio do Planalto), do STF e o Congresso Nacional no fatídico domingo, 8 de janeiro, o Judiciário é pressionado a decretar a prisão de Bolsonaro e pedir sua extradição para ser julgado no Brasil.

Por ora, Bolsonaro foi incluído na investigação do STF, cuja prioridade é determinar financiadores e mentores das invasões daquele dia. Sua situação se complicou, quando seu ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, foi preso por suspeita de envolvimento no caso.

Torres, que assumiu a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, nomeado pelo governador afastado Ibaneis Rocha, é acusado de facilitar a ação dos golpistas, ao reduzir o efetivo policial naquele domingo e viajar de férias.

Além disso, a Polícia Federal encontrou, em sua casa, uma minuta propondo o Estado de Defesa na sede do TSE. Na prática, se o texto fosse implementado, representaria uma intervenção direta do Executivo no resultado das eleições. Aliados de Lula, agora, ligam a minuta às declarações de Bolsonaro, no fim do mandato, de que teria buscado “uma solução” para anular a eleição, mas que não fez nada por falta de apoio.

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Mas, segundo a Veja, a ideia não empolga mais o STF, quanto no instante imediatamente posterior à quebradeira generalizada promovidas pelos golpistas nos atos antidemocráticos do início do mês.

“Há dez dias, a prisão de Bolsonaro era bem real”, afirmou o ministro à coluna Radar. “Perdeu força, porque é um erro. Daria uma nova causa aos golpistas e uma chance de Bolsonaro repetir Lula”, acrescentou.

Como se sabe, Lula passou quase 600 dias preso na sede da Polícia Federal em Curitiba, após a Justiça acatar as acusações apresentadas pela Operação Lava Jato, comandada pelo então juiz Sergio Moro. A prisão transformou o petista em mártir da esquerda e o ajudou a conquistar seu terceiro mandato como presidente.

O temor do ministro do STF, portanto, é de Bolsonaro se torne o mártir da direita radical e o mantenha politicamente vivo até 2026.