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Por que Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) fizeram o que a Americanas (AMER3) ainda não conseguiu?

06 mar 2023, 18:23 - atualizado em 09 mar 2023, 2:57
Gol (GOLL4)
(Imagem: Dado Galdieri/Bloomberg)

Após meses de quedas, com os papéis nas mínimas históricas, as aéreas deram um alívio a investidores depois de anunciarem acordo com credores, no caso da Azul (AZUL4), e novo aporte de crédito, no caso da Gol (GOLL4).

Os papéis tiveram reação imediata, com a Azul disparando 46% e Gol 24%. Após o rombo da Americanas (AMER3), que tomou o mercado de ceticismo com empresas endividadas, investidores colocaram pressão para as aéreas se mexerem.

Foi o que aconteceu. Na sexta, a Gol conseguiu financiamento de US$ 1,4 bilhão em sênior notes com vencimento em 2028.

Já a Azul, além de ter divulgado resultados, chegou a acordos com arrendadores de aeronaves responsáveis ​​por 90% de seus passivos de arrendamento que dariam a eles ações e dívidas negociáveis ​​em troca de pagamentos mais baixos.

Ou seja, as companhias conseguiram, em pouco tempo, o que a Americanas ainda não fez: novo aporte de capital. Segundo últimas informações, no entanto, o trio de acionistas da 3G Capital, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, já teriam sinalizado aporte de R$ 10 bilhões. A empresa, no entanto, negou.

Já a Azul e a Gol chegaram a um acordo sem a necessidade de mecanismos mais extremos, como uma recuperação judicial.

“A Gol viu parte da sua dívida ser abraçada pela Abra e na Azul nós tivemos, efetivamente, um acordo com credores. Aí já tem uma diferença bacana”, coloca Ilan Arbetman, analista de research da Ativa Investimentos, ressaltando que Azul teve uma acordo mais favorável.

O que difere aéreas de varejistas?

Alberto Mattos de Souza, sócio do PMMF Advogados e especialista em negociações estratégicas, explica que há uma diferença fundamental entre a Americanas e a Azul e Gol: no caso da varejista, há suspeita de fraude, o que não acontece nos outros casos.

“Por esta razão, a conversa das Americanas já começa de um ponto mais difícil. Esse fator gera uma expectativa muito maior por parte dos credores que esperam o comprometimento dos sócios com aporte de recursos próprios”, discorre.

Já Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, recorda que existem barreiras regulatórias gigantescas para operar no setor aéreo, como vimos com a Itapemirim no final do ano passado que mal decolou e não conseguiu honrar todas as suas responsabilidades.

“Na Americanas, qualquer pessoa que tiver uma layout que agrade e coloque um site no ar, por exemplo, vai chamar atenção de vendedores. Não tem essa barreira”, argumenta.

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