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Por que as ações da Qualicorp caíram forte?

31 ago 2017, 1:22 - atualizado em 05 nov 2017, 13:57

As ações da Qualicorp (QUAL3) caíram 4,4%, a maior baixa do Ibovespa nesta quarta-feira (30), após o mercado avaliar os riscos de potenciais riscos regulatórios mais rígidos. Uma ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) impetrada pelo PSL (Partido Social Liberal) põe em xeque a principal atratividade do negócio da companhia.

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Na ação, segundo o STF, a legenda questiona a lei de 1999 que trata das administradoras de benefícios, que reúnem diversas pessoas jurídicas em um mesmo plano de saúde.

A ação argumenta que as operadoras de planos de saúde ficaram impedidas de efetuarem a cobrança diretamente aos beneficiários, o que teria inviabilizado a contratação de planos coletivos sem a intermediação das administradoras de benefícios, como a Qualicorp, e avalia que isso viola o princípio da livre iniciativa.

Em nota enviada ao mercado nesta tarde, a Qualicorp ressalta que a tese é “absurda” e que coincide com manifestações públicas no mesmo sentido da Seguros Unimed e Central Nacional Unimed, que têm interesse comercial privado direto na ADI.

“Vale acrescentar que as referidas operadoras – ressalte-se que são apenas 2 dentre as 348 operadoras que compõem o Sistema Unimed –, se encontram em litígios judiciais contra administradoras de benefícios”, disse a empresa em nota assinada por Grace Cury de Almeida Gonçalves Tourinho, Diretora de Relações com Investidores.

Repercussão

Para os analistas do Credit Suisse, a notícia é negativa. “Isso traz um risco regulatório de volta ao assento da frente, que, em teoria, foi significativamente reduzido em 2009”, dizem Tobias Stingelin, Leandro Bastos e Pedro Pinto, que publicaram um relatório sobre o assunto nesta quarta-feira (30). A grande questão, diz o banco, é se as operadoras vão conseguir (ou querer) fornecer o mesmo tipo de benefícios das administradoras, como back-office, call center, cobrança e risco de crédito. É por este serviço que a Qualicorp cobra um prêmio estimado em 12%, de acordo com o banco.

“Conversamos com ANS e a Qualicorp e, como esperado, é muito difícil avaliar completamente como o processo evoluirá. De qualquer forma, esperamos a volatilidade das ações por conta disso, uma vez que traz algumas preocupações dos investidores sobre a capacidade da empresa de continuar crescendo sem a regulamentação publicada em 2009”, avalia o analista Rodrigo Gastim do BTG Pactual.

“Ações desta natureza não têm previsibilidade de julgamento em curto prazo, podendo se alongar por anos até sua decisão definitiva”, conclui a Qualicorp em nota. A recomendação do BTG Pactual para as ações é de compra, com um preço-alvo de R$ 24. O Credit Suisse tem a indicação outperform, equivalente à compra, com um preço-alvo de R$ 42.