Ibovespa Por que as ações da Cielo (CIEL3) caem mais de 6% apesar de um 3T22 ‘forte’?
As ações da Cielo (CIEL3) lideram as quedas do Ibovespa (IBOV) no pregão desta terça-feira (1), após a divulgação do balanço do terceiro trimestre de 2022. Por volta das 12h40, os papéis da companhia recuavam 6,39%, a R$ 5,57.
A companhia reportou resultados “fortes” no trimestre, segundo analistas. Larissa Quaresma, da Empiricus Investimentos, afirma que apesar do volume total processado (TPV) ter crescido um pouco abaixo do esperado, a companhia mais que compensou esse efeito com a reprecificação das taxas cobradas e, também, com economias de custos.
Eduardo Nishio e Bruno Bandiera, da Genial Investimentos, destacam que as receitas foram impulsionadas por uma expansão do volume financeiro e aumento do take rate (taxa total cobrada), e os gastos foram mais controlados. “A boa dinâmica resultou em um crescimento da última linha (lucro) em 99% na comparação anual”, avaliam.
Apesar do balanço positivo, a queda das ações no pregão de hoje pode indicar uma realização de lucro, já que a ação dispara mais de 170% neste ano.
Mais cedo, o CFO da Cielo, Filipe Oliveira, afirmou, em entrevista coletiva sobre os resultados do terceiro trimestre, que é esperada uma desaceleração no crescimento do volume de pagamentos processados pelo setor em 2023.
Oliveira ainda disse que, em um cenário de rentabilidade baixa, é difícil dizer se o movimento de reprecificação de produtos deve continuar ou não, mesmo após o fim do aperto monetário.
A Genial tem recomendação de manter CIEL3, com preço-alvo em R$ 6,22. Já o Itaú BBA espera que a ação tenha um desempenho melhor do que a média do mercado (outperform), com alvo em R$ 6,50.
3T22 da Cielo
No trimestre, o TPV teve crescimento trimestral nas duas divisões: tanto na Cielo Brasil (+23%) quanto na Cateno (+10%). Entretanto, esses crescimentos vieram abaixo da expectativa de mercado, destaca a analista da Empiricus.
Segundo ela, a companhia compensou esse efeito com o reposicionamento de preços realizado ao longo de 2022, assim como com uma maior representatividade do cartão de crédito nas transações e da antecipação de recebíveis para os comerciantes.
Com isso, o yield de receitas foi de 0,73%. A receita líquida consolidada somou R$ 2,6 bilhões, crescimento trimestral de 24% em bases comparáveis.
Os analistas da Genial explicam que o avanço positivo nas receitas se dá por um crescimento de volume financeiro, adicionado a uma reprecificação de take rate em 0,15 ponto percentual (p.p.) – mostrando o repasse de preços realizado pelo mercado no 3T22.
Além disso, as operações de crédito de ARV (Aquisição de Recebíveis de Venda) e RR (Receba Rápido) tiveram um bom desempenho, com crescimento de 35,3%, avaliam.
No lado de despesas, houve uma economia proporcional, que cresceram abaixo da receita, em razão dos menores subsídios dados aos clientes na venda de maquininhas, além de melhorias logísticas que diminuíram as perdas de terminais, diz Quaresma.
Frente a essa economia, o Ebitda (lucro antes de depreciação, amortização, despesas financeiras e impostos) foi de R$ 1 bilhão, crescimento de 45% em bases comparáveis. A margem Ebitda foi de 38,2%, expansão de 15,2 p.p. sequencialmente.
Por fim, o lucro líquido consolidado atingiu R$ 422 milhões, expansão de 99% contra o trimestre anterior. Na comparação anual, contudo, a última linha cresceu apenas 10%, em função do maior custo da dívida, que vem machucando o resultado financeiro.
“Esse resultado reforça a recuperação da Cielo em direção a uma operação mais sadia e sustentável”, diz Larissa Quaresma.
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