Por que as ações da Amazon (AMZN) caem, apesar de resultados acima da expectativa?
A Amazon (AMZN;AMZO34) divulgou ontem os resultados referentes ao primeiro trimestre de 2023. Olhando para os grandes números, a empresa superou a expectativa dos mercados, o que conferiu uma alta inicial de 11% do papel no after market de Nova York.
A gigante americana somou vendas de US$ 127,4 bilhões, um crescimento de 9,4% na comparação anual. Houve um crescimento consistente no marketplace da companhia, com crescimento de 20% vis-à-vis o 1T22, e também das lojas físicas, com avanço de 7% na base anual.
Entre os principais mercados da empresa, houve um crescimento de 11% das vendas nos EUA, totalizando US$ 76,9 bilhões; no mercado internacional, as vendas permaneceram praticamente estáveis, totalizando US$ 29,1 bilhões.
Mas o humor dos mercados mudou durante a teleconferência da big tech, quando os executivos enfatizaram um cenário incerto, sobretudo para a Amazon Web Service (AWS). O serviço de nuvem é a linha mais lucrativa da companhia.
Em reação ao recado dos executivos, o papel da Amazon listado na Bolsa de Nova York opera com perdas de 4,33% por volta das 12h10.
Conforme destaca o analista da Empiricus Richard Camargo, este foi o primeiro trimestre em que a divisão apresentou uma queda de receitas na comparação trimestral.
As nuvens que se formam sobre o AWS
Durante a exibição dos resultados, os executivos liderados pelo CEO Andy Jassy comunicaram aos investidores que a AWS está rodando num ritmo de crescimento em torno de 5 pontos percentuais (p.p.) abaixo do esperado.
“Isso implica que o número deve convergir para um crescimento ainda mais baixo, em torno de 10% a 12% nos próximos meses”, salienta Camargo.
No primeiro trimestre, a margem operacional da AWS foi de 24%, estável em relação ao último trimestre.
Camargo explica que, a despeito da AWS ter conseguido fechar contratos com novos clientes, a pressão principal sobre o resultado da divisão recai sobre aqueles que procuram a Amazon para otimizar fluxos de trabalho e reduzir custos. Este não é um movimento que produz crescimento para a divisão.
Ainda de acordo com o analista Empiricus, a flexibilidade em poder escalar e contrair uma operação é o principal trunfo de valor que a infraestrutura em nuvem pode oferecer para os clientes.
Porém, ao mesmo tempo que funcionam como vetor de aceleração de crescimento em momentos bons, elas acabam sendo obrigadas a absorver choques em momentos ruins.
O que esperar da empresa no próximo trimestre?
Para o segundo trimestre do ano, a Amazon almeja alcançar vendas entre US$ 127 bilhões e US$ 133 bilhões, o que representa um crescimento entre 5% e 10%, em linha com o esperado pelo mercado.
“Sem maiores detalhes, a empresa diz que o capex (capital de investimento) de 2023 será menor que os de 2022, o que agradou os mercados.
No geral, a Amazon trouxe uma mensagem cautelosa, mas reafirmou as fortalezas do seu modelo de negócios. Nesse sentido, Richard destaca ganho de market share do e-commerce e resiliência da AWS.