Por que amanhã pode ser um dia definidor para os mercados?
A medida oficial de inflação do Brasil apresentou deflação de 0,08% no mês passado, valor muito próximo ao consenso do mercado que apontava para uma queda de 0,10%.
Trata-se da menor variação para o mês de junho desde 2017, quando a taxa foi de -0,23%. Também foi o primeiro resultado negativo para o IPCA em 2023, o que não era visto desde setembro de 2022, quando chegou a -0,29%.
Com o resultado, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo acumula alta de 2,87% no ano e de 3,16% nos últimos 12 meses, abaixo dos 3,94% registrados nos doze meses imediatamente anteriores.
Vale lembrar que os grupos que se destacam no mês de junho se referem a alimentação e bebidas (-0,66%), que foi impactado pela retração dos preços da alimentação no domicílio (-1,07%), além de transportes (-0,41%), influenciado pelo recuo nos preços dos automóveis novos (-2,76%) e dos automóveis usados (-0,93%).
Somado a isso, a alimentação e bebidas contribuiu com -0,14 p.p e transportes com -0,08 p.p no índice geral de preços.
André Almeida, analista da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), comentou em nota que “alimentação e bebidas e transportes são os grupos mais pesados dentro da cesta de consumo das famílias. Juntos, eles representam cerca de 42% do IPCA.
Assim, a queda nos preços desses dois grupos foi o que mais contribuiu para esse resultado de deflação no mês de junho”.
Veja, o IPCA mensura a inflação de produtos e serviços ofertados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias com rendimento entre 1 e 40 salários-mínimos em áreas urbanas. A faixa de renda foi criada com o intuito de corresponder a 90% das famílias do sistema que agrega as pesquisas.
Está marcado para amanhã a divulgação da prévia do índice, o chamado IPCA-15.
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Além disso, o indicador econômico tem dominado os noticiários financeiros pela alta relevância do momento, uma vez que o Banco Central está próximo de iniciar a redução da taxa de juros.
A maioria das apostas dos agentes do mercado financeiro, após a divulgação do IPCA, indica corte de 0,25% na próxima reunião do Comitê de Política Monetária em agosto e outra parcela menor espera queda superior, de 0,50%. Há, também, uma minoria que acredita na manutenção da Selic em 13,75% ao ano.
Importante ressaltar que nos próximos dias 1 e 2 de agosto, serão realizados os encontros do Copom e a decisão será anunciada no dia 2, quando será confirmada a correta estimativa do mercado. Além disso, será possível obter pistas sobre a visão da autoridade monetária nacional em relação à trajetória dos juros.
As medidas de inflação em declínio nos principais polos econômicos seguem corroborando para que o impacto da pandemia nos níveis de preços já tenha passado, quando houve uma desestruturação das cadeias globais de valor, bem como políticas de estímulos por parte dos governos.
Além dos posteriores efeitos gerados pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, que elevou significativamente o preço do petróleo e gás natural e de importantes commodities agrícolas.
Por fim, o IPCA continuará no radar dos investidores enquanto for um componente de risco, visto que influencia a capacidade de consumo da população, a margem de lucro das companhias e a dinâmica de juros.
É fundamental que a inflação permaneça estabilizando e convergindo para a meta a fim de dar suporte à redução de juros pelo BC e possa favorecer os ativos do mercado acionário.
As medidas de inflação abaixo das expectativas colaboram para a queda da taxa de juros e impulsionam os preços das ações. Por outro lado, os indicadores de inflação acima das expectativas contribuem para elevação ou manutenção da taxa de juros e gera efeitos negativos nos preços dos papéis.
No momento, vale acompanhar o mercado e ficar atento ao que será decidido no Copom.