Perspectiva Semanal

Por que a ‘Super Quarta’ de maio pode ser um divisor de águas? Veja o que esperar para Fed e Copom

30 abr 2023, 16:00 - atualizado em 28 abr 2023, 15:33
Jerome Powell e Roberto Campos Neto
Maio começa em ponto morto por causa do Dia do Trabalhador, mas pausa precede mais uma Super Quarta, a terceiro deste ano (Montagem: MoneyTimes)

Maio começa em ponto morto para os mercados. O Dia do Trabalhador nesta segunda-feira (1º) mantém a B3 fechada. Também não haverá negócios nas bolsas europeias nem na China, que prolonga o feriado até a próxima quarta-feira (3). 

Ou seja, Nova York terá um pregão solo já na largada do novo mês. Mas essa pausa será importante para os investidores respirarem e aproveitarem para recompor o fôlego. Afinal, a calmaria precede mais uma “Super Quarta” deste ano.

É como ficou conhecido o dia em que o Federal Reserve e o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciam suas respectivas decisões de juros em um intervalo de poucas horas. A primeira, com o pregão aberto, é seguida de uma entrevista coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell

A outra acontece após o fechamento da sessão local. Será a terceira vez em 2023 que essa “coincidência” acontece. Tudo começou em fevereiro e depois se repetiu já em março. Outros reencontros estão marcados para setembro, outubro e dezembro. 

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Super Quarta de maio é diferente

Só que, desta vez, o chamado “Fompom” tende a ser um divisor de águas. Isso porque são esperadas sinalizações em relação aos próximos passos na condução da taxa de juros. E isso valendo já para junho – quando, aliás, não haverá Super Quarta

Para este mês, é praticamente certo que o Copom irá manter a Selic em 13,75%. Já o Fed deve promover uma nova alta de 0,25 ponto percentual (pp). Deste modo, as dúvidas se concentram nas decisões seguintes do Fed e os detalhes do comunicado do Copom.

No entanto, ambos ainda vislumbram um cenário misto e inconclusivo. De um lado, os indicadores mais recentes dos Estados Unidos mostraram uma desaceleração do crescimento econômico, porém, com uma inflação ainda elevada. 

De outro, é crescente a pressão sobre o presidente do BC, Roberto Campos Neto, para iniciar o ciclo de cortes na Selic. Porém, há um grande debate no mercado em relação a este caminho.

Enquanto a curva de juros futuros precifica quedas “mais cedo do que tarde”, boa parte dos economistas esperam cortes apenas em 2024. Isso por causa da desancoragem das expectativas inflacionárias, tal qual defende Campos Neto, apesar da perda de tração da atividade doméstica.

Mercados em perigo

O fato é que o eventual começo de um ciclo de cortes na Selic combinado com uma pausa no processo de aperto pelo Fed tende a sustentar a melhora do humor dos mercados globais, especialmente os emergentes. Porém, ainda há um pano de fundo perigoso para os ativos de risco

“A confusão dos investidores continua, temendo o misto de um cenário inflacionário que ainda carece de controle, assim como uma recessão advinda da tentativa de controle desta mesma inflação”, explica o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira.

Portanto, maio chega devagar, mas deve ser decisivo para os mercados, colocando à prova um dos mais tradicionais provérbios de Wall Street. A ver, então, se a premissa do Sell in May and go away tem chance de se tornar realidade.