Por que a Petrobras (PETR4) não reduziu a gasolina mesmo com preço acima da paridade
A Petrobras (PETR3;PETR4) anunciou uma redução nos preços de venda de diesel às distribuidoras. O preço médio de venda do combustível foi cortado em 8,89%, passando de R$ 4,50 para R$ 4,10.
A decisão foi baseada na paridade internacional do diesel, que estava 16% acima dos valores no mercado internacional quando comparado com os polos da estatal, segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
A associação também aponta que a gasolina está 6% acima da paridade internacional. No entanto, o valor da do combustível permanece inalterado, em R$ 3,31 o litro.
No dia 1º de março está previsto para acabar a desoneração para o etanol e a gasolina. No começo do ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prorrogou a medida que isenta os combustíveis. As alíquotas sobre o diesel, biodiesel, gás natural e gás de cozinha serão mantidas em zero até 31 de dezembro.
Como a retomada dos impostos acontece daqui a 15 dias, não é vantajoso anunciar uma mudança agora para precisar fazer alterações em breve.
“Com a desoneração e a elevação dos preços, o impacto sobre o IPCA pode ser algo entre 0,55 e 0,7 ponto percentual. Esse fator deve pressionar os preços e dificultar o trabalho da autoridade monetária no ano” afirma Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.
Além disso, não faz nem um mês que a Petrobras elevou os preços da gasolina. Em 25 de janeiro, a companhia reajustou para cima o preço do litro do combustível, passando de R$ 3,08 para R$ 3,31.
Desoneração dos combustíveis
No ano passado, o governo de Jair Bolsonaro anunciou a redução do ICMS para combustíveis como uma forma de controlar o preço dos produtos, reduzir a inflação e usar como uma cartada nas eleições.
A medida limitou a cobrança feita pelos estados, o que levou à redução dos caixas estaduais. Tanto que na reunião realizada por Lula com os 27 governadores na semana passada, a desoneração foi um tema discutido.
Essa redução estava prevista para acabar no dia 1º de janeiro, mas Lula manteve a isenção até o fim de fevereiro para a gasolina e o álcool, e até o final do ano para o diesel, biodiesel, gás natural e de cozinha.
“Essa prorrogação foi decidida após embate entre membros do PT e equipe econômica. Na ocasião, Lula optou por manter os impostos zerados. A equipe econômica foi contrária à decisão, já que representaria renunciar a um grande volume de impostos”, destaca Rafael Passos, analista da Ajax Capital.
A projeção é de que essa extensão da desoneração tem um impacto de, aproximadamente, R$ 25 bilhões aos cofres públicos.