Economia

Por que a Petrobras (PETR4) não reduziu a gasolina mesmo com preço acima da paridade

07 fev 2023, 14:27 - atualizado em 07 fev 2023, 14:28
Gasolina, combustível
O diesel caiu, mas a gasolina segue com litro custando R$ 3,31 mesmo com valor acima da paridade internacional. Desoneração do combustível acaba em 15 dias. (Imagem: REUTERS/Ricardo Moraes)

Petrobras (PETR3;PETR4) anunciou uma redução nos preços de venda de diesel às distribuidoras. O preço médio de venda do combustível foi cortado em 8,89%, passando de R$ 4,50 para R$ 4,10. 

A decisão foi baseada na paridade internacional do diesel, que estava 16% acima dos valores no mercado internacional quando comparado com os polos da estatal, segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).

A associação também aponta que a gasolina está 6% acima da paridade internacional. No entanto, o valor da do combustível permanece inalterado, em R$ 3,31 o litro.

No dia 1º de março está previsto para acabar a desoneração para o etanol e a gasolina. No começo do ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prorrogou a medida que isenta os combustíveis. As alíquotas sobre o diesel, biodiesel, gás natural e gás de cozinha serão mantidas em zero até 31 de dezembro.

Como a retomada dos impostos acontece daqui a 15 dias, não é vantajoso anunciar uma mudança agora para precisar fazer alterações em breve.

“Com a desoneração e a elevação dos preços, o impacto sobre o IPCA pode ser algo entre 0,55 e 0,7 ponto percentual. Esse fator deve pressionar os preços e dificultar o trabalho da autoridade monetária no ano” afirma Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.

Além disso, não faz nem um mês que a Petrobras elevou os preços da gasolina. Em 25 de janeiro, a companhia reajustou para cima o preço do litro do combustível, passando de R$ 3,08 para R$ 3,31.

Desoneração dos combustíveis

No ano passado, o governo de Jair Bolsonaro anunciou a redução do ICMS para combustíveis como uma forma de controlar o preço dos produtos, reduzir a inflação e usar como uma cartada nas eleições.

A medida limitou a cobrança feita pelos estados, o que levou à redução dos caixas estaduais. Tanto que na reunião realizada por Lula com os 27 governadores na semana passada, a desoneração foi um tema discutido.

Essa redução estava prevista para acabar no dia 1º de janeiro, mas Lula manteve a isenção até o fim de fevereiro para a gasolina e o álcool, e até o final do ano para o diesel, biodiesel, gás natural e de cozinha.

“Essa prorrogação foi decidida após embate entre membros do PT e equipe econômica. Na ocasião, Lula optou por manter os impostos zerados. A equipe econômica foi contrária à decisão, já que representaria renunciar a um grande volume de impostos”, destaca Rafael Passos, analista da Ajax Capital.

A projeção é de que essa extensão da desoneração tem um impacto de, aproximadamente, R$ 25 bilhões aos cofres públicos.

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