Por que a Movida precisa de mais dinheiro?
O aumento de capital da Movida (MOVI3) surpreendeu o mercado nesta quarta-feira (27). A empresa de aluguel e venda de automóveis anunciou um aumento de capital no valor de R$ 312,5 milhões. A operação será feita com a emissão privada de 49,929 milhões de ações ao preço de R$ 6,26. Os papéis terminaram a sessão de terça-feira vendidos a R$ 5,50.
Para o BTG Pactual, a empresa está tendo dificuldades em reverter suas operações cruciais de Seminovos (volumes mais fracos do que o esperado e rentabilidade) e decidiu fazer esse movimento conservador, dado o cenário macroeconômico mais fraco.
Segundo a empresa, o aumento de capital permitirá a continuidade da execução de seus planos de negócios “e atuando, de forma bem posicionada, no mercado de locação de veículos, com crescentes oportunidades”.
“Apesar do mau desempenho e da avaliação pouco exigente (motivo da nossa classificação de compra), as notícias devem pesar nas ações. Estamos aproveitando a oportunidade para reduzir nosso preço-alvo para R$ 8 (a partir de R $ 11), incorporando um custo de capital mais alto e reduzindo nossas estimativas com o crescimento mais lento das margens de Seminovos (queda de 19% do lucro líquido em 2019)”, explicam os analistas Renato Mimica e Samuel Alves.
O Bradesco lembra que a empresa emitiu recentemente R$ 450 milhões para alongar o perfil da sua dívida. “Em nossa opinião, a empresa parece preocupada com a deterioração do mercado no segundo semestre de 2018”, aponta o analista Victor Mizusaki. Ele ressalta que a Anfavea prevê queda de 15% nas vendas de veículos novos neste mês (desaceleração de 10% na base anual), devido à greve dos caminhoneiros.
“Dado o risco de vendas mais fracas no segmento de seminovos, a Movida anunciou este aumento de capital para garantir que sua alavancagem financeira permanecerá sob controle, abaixo de 3,5 vezes a dívida líquida/Ebitda. Além disso, como discutimos em outras oportunidades, a Movida pode precisar acelerar o fechamento de concessionária de automóveis”, aponta.