Por que a Direcional, favorita dos analistas, foi a única construtora a não disparar na Bolsa?
O pregão desta terça-feira (11) foi de euforia para as empresas de construção civil após o índice oficial de inflação do país (IPCA) de março desacelerar ante fevereiro e ficar abaixo do esperado. A leitura do mercado é de que o Banco Central (BC) poderá cortar a taxa de juros antes do previsto.
O corte da taxa de juros tem impacto direto no setor imobiliário. Com isso, as ações das construtoras dispararam na Bolsa brasileira, com Cyrela (CYRE3), Eztec (EZTC3) e MRV (MRVE3) liderando as altas entre 9% e 9,8%, respectivamente.
Essa expectativa por corte da taxa Selic em algum momento deste ano animou os ativos domésticos e fez o índice Ibovespa dar um salto de mais de 4,3%, acima dos 106,2 mil pontos.
Apesar da alta das principais construtoras, apenas uma ficou para trás e não subiu tanto quanto as outras: a Direcional (DIRR3). E tem um motivo. A construtora mineira divulgou ontem à noite a prévia operacional do primeiro trimestre deste ano.
Direcional sobe menos. Culpa da prévia?
A Direcional registrou R$ 611,2 milhões em lançamentos entre janeiro e março, alta de 2% em relação ao mesmo período de 2022. Entretanto, o resultado caiu 42,2% ante o quarto trimestre. O resultado inclui os números da Direcional e da Riva, sua subsidiária com foco em imóveis de média renda.
No trimestre, a companhia lançou nove empreendimentos e/ou etapas. Apesar da queda ante o trimestre imediatamente anterior, a Direcional diz que foi o melhor primeiro trimestre da história em termos de valor geral de vendas (VGV) lançado.
Em contrapartida, as vendas líquidas somaram R$ 803,4 milhões no primeiro trimestre de 2023, altas de 29,2% na comparação anual e de 15,7% ante o período de outubro a dezembro do ano passado. A Direcional diz que também teve o melhor primeiro trimestre em termos de vendas.
Por sua vez, a velocidade das vendas (VSO) da construtora foi de 17%. O que representou ganho de 1 ponto percentual (p.p.) em relação ao primeiro trimestre de 2022 e de 2 p.p. ante o trimestre anterior.
O analista da Empiricus Research, Fernando Ferrer, destaca que o indicador ficou abaixo do que vinha sendo apresentado nos últimos trimestres, especialmente por conta da Riva, que apresentou uma baixa VSO de 13%.
Contudo, a construtora queridinha dos analistas que cobrem o setor fechou o trimestre com geração de caixa de R$ 8 milhões, abaixo dos R$ 98 milhões gerados ao fim de dezembro.
Prévia da Direcional agrada
O head de real estate da XP, Ygor Altero, avalia que os dados da prévia foram consistentes, impulsionados por “vendas líquidas recordes para um primeiro trimestre”. O que, segundo ele, levou à VSO consolidada para 17% e reforçou o bom momento da demanda para o segmento de baixa renda.
Ele destaca o crescimento robusto das vendas líquidas da Riva, apesar do cenário desafiador para o segmento de média renda. “Já os lançamentos ficaram estáveis, embora esperemos ver a Direcional acelerando esse indicador a partir do segundo trimestre”, diz.
Ferrer, da Empiricus, acredita que, levando em consideração o bom histórico da companhia, este será mais um bom trimestre em relação ao lucro líquido e margem bruta.
Após a prévia operacional, a XP reiterou a “visão construtiva para a companhia”, mantendo a recomendação de compra para as ações. Contudo, a equipe do BTG Pactual segue com recomendação neutra para a Direcional.
Apesar disso, os analistas dizem que “gostaram do que viram no primeiro trimestre” e os números mostraram que construtora continuou crescendo.
“A empresa registrou vendas fortes e caixa positivo com geração de fluxo. As incorporadoras de baixa renda devem ter um desempenho muito bom em 2023 e permanecem positivos no segmento”, reforça o banco.
Veja a prévia da Direcional: