Rogério Xavier chama de ‘fake news’ medidas na China e se diz ‘preocupado’ com país
Os recentes estímulos da China não foram suficientes para mudar a percepção de um dos titãs do mercado, Rogério Xavier. O gestor da SPX expressou sua preocupação com país em evento do Macro Vision realizado pelo Itaú BBA.
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“Eu estive recentemente na China e fiquei muito impressionado com o negativismo dos locais. Os chineses são pessimistas com a sua própria economia. E, falando com os principais advisors do presidente Xi, fiquei mais preocupado porque eles têm um diagnóstico que o crescimento da economia deles vem todo pelo lado da oferta”, diz.
Xavier relata que o plano da China é produzir “tudo o que o mundo precisa com menor preço e melhor qualidade”, o que, de fato, o país vem conseguindo implementar. Para sustentar o argumento, ele lembra que o país já possui uma dominância técnica sobre carros elétricos.
“Porque não tem chance nenhuma de um carro alemão, um ivycar alemão, competir com um carro chinês. Realmente, a tecnologia deles é absurdamente melhor do que a dos alemães. Não tem chance. Isso também foi dito recentemente, publicamente. A Ford, esteve lá, mandou o seu time para olhar os carros e chegou à mesma conclusão”, diz.
Ele afirma ainda que o país asiático já afirmou que são melhores que todas as companhias do mundo e que vão colocar essa produção nos mercados ocidentais.
“Ah, mas vão colocar tarifa. Sinceramente, eles não estão nem aí para a tarifa. Porque contra a Europa, por exemplo, a Europa é superavitária no comércio contra eles. Se a Europa colocasse a tarifa na China, colocaríamos neles. E nos Estados Unidos, eles já não vendem nada”.
A União Europeia já declarou que quer igualdade de condições com a China em relação às tarifas de automóveis e está negociando com Pequim mecanismos como compromissos de preços ou investimentos na Europa como solução, disse a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nesta segunda-feira.
Fake News
Na visão de Xavier, os estímulos não passam de uma ‘tremenda fake news‘.
No fim de semana, a China prometeu “aumentar significativamente” seu endividamento para reanimar a economia, mas deixou os investidores em dúvida sobre o tamanho geral do pacote de estímulo, um detalhe vital para avaliar a extensão potencial da recente recuperação do mercado de ações.
O ministro das Finanças, Lan Foan, disse em uma coletiva de imprensa que Pequim ajudará os governos locais a resolverem seus problemas de endividamento, oferecerá subsídios às pessoas de baixa renda, apoiará o mercado imobiliário e reabastecerá o capital dos bancos estatais, entre outras medidas.
“Ah, vamos fazer um estímulo via emissão de pontos de 6 trilhões de ienes. 3 trilhões de ienes, porque eles vão fazer 6 em 3 anos. 3 trilhões eles já iam fazer, já eram o que eles já faziam normalmente. Então, adicionalmente, estão fazendo 3 trilhões de ienes”, coloca.
Além disso, o gestor afirma que o programa foca em capitalizar os governos regionais, que estão quebrados, além dos bancos, que também estão quebrados.
“O que sobra, de fato, para fazer medidas que estimulem o PIB é muito pouco. Então, eu acho que a China vive um problema de esgotamento de poder, assim como a Alemanha. E acho que a possibilidade da China sair dessa região de inflação em torno de zero é muito, muito improvável”, completa.
Com informações da Reuters