Economia

Por que a aposta de queda de 0,75 pp na Selic continua, mesmo com aviso do Copom

10 ago 2023, 12:04 - atualizado em 10 ago 2023, 12:04
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O Copom tentou conter os ânimos do mercado sobre o ciclo de cortes da Selic, mas 0,75 pp continua no radar. (Imagem: Agência Brasil)

A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) foi bem clara: novos cortes de 0,50 ponto percentual na Selic estão previstos, mas reajustes maiores só vão rolar se houver uma melhora substancial na dinâmica inflacionária. Ou seja, nada de 0,75 pp.

No entanto, o aviso não assustou o mercado, que segue projetando uma queda mais robusta na taxa básica de juros ainda em 2023.

Segundo dados da XP, embora não haja um padrão claro, nos últimos seis ciclos de afrouxamento monetário desde 2003, o Copom reduziu os juros em ritmo maior que o corte de 0,50 pp.

“Não parece haver um padrão de quando o Banco Central acelera para cortes de 0,75 pp, mas em todos os ciclos de flexibilização até agora eles cortaram 0,75 pp ou mais”, apontam os estrategistas Victor Scalet e André Buzzini, em relatório enviado a clientes.

Para Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Rena, as surpresas baixistas da inflação de serviços e de atividade poderão levar a um aumento da probabilidade de um ritmo de ajuste acima de 0,50 pp a partir do final do ano.

“Apesar do recado do BC, consideramos haver uma probabilidade de o ritmo passar para 0,75 pp a partir do final de 2023 ou do início do próximo ano, tendo em vista a composição mais dovish do Copom e uma possível intenção de se chegar mais rapidamente ao final do ciclo enquanto o balanço de riscos não é desfavorável”, afirma em relatório.

O economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida, também destacou que o mercado vai testar o corte de 0,75 ponto da Selic neste ano.

Em entrevista para a Folha de S. Paulo, ele afirma que o Banco Central iniciou o ciclo de corte da Selic da maneira correta, mas aponta que o fato de já iniciar o afrouxamento com um corte de 0,50 pp abriu espaço para o mercado querer mais.

“Em algum momento o mercado vai fazer essa aposta. Com muito mais convicção, talvez para a última reunião do ano”, disse.

*Com informações do BDM