Por que a alta rejeição não é garantia de que Bolsonaro perderá as eleições?
Tudo indica que a eleição presidencial deste ano será uma batalha de rejeições entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL).
Dados da última pesquisa Ipespe/XP, que mediu a rejeição aos candidatos, mostram 43% não votariam de jeito nenhum no petista, enquanto 61% disseram o mesmo, só que em relação a Bolsonaro.
A alta rejeição a Bolsonaro pode até parecer um bom sinal para a campanha de Lula, indicando que ele levará a disputa em um eventual segundo turno. Mas a pergunta que não quer calar é: pode o atual presidente mudar os rumos de sua trajetória de rejeição?
Dados de outras eleições estremecem certezas
Para a MCM Consultores, é certo que na grande maioria das vezes o candidato de menor rejeição vence no segundo turno. A dúvida, entretanto, recai sobre como a rejeição se comporta ao longo da corrida eleitoral, até a chegada da ocasião na votação.
Analisando o comportamento dos eleitores nas disputas presidenciais desde 2002, a MCM concluiu que a rejeição varia de forma consistente durante os ciclos eleitorais, e que um momento de alta no índice não garante a derrota ao final da corrida.
“Em alguns casos, a rejeição variou mais do que a intenção de voto ao longo do ciclo eleitoral”, afirmam os analistas em relatório divulgado na quinta (14).
Segundo a MCM, dados mostram que é incorreto e “precário” assumir que a atual rejeição governista garantirá a vitória de Lula em um eventual segundo turno contra Bolsonaro.
Limpando a barra
Para Rafael Cortez, cientista político e sócio da Tendências Consultoria, a rejeição tem potencial de ser revertida pelo governo Bolsonaro.
Mas manejar o nível de rejeição dependerá, em última instância, em esforços na promoção da imagem da própria gestão, como também na potencialização da rejeição de seu adversário.
“A eleição é um grande plebiscito de governo, um caráter que fica ainda mais marcado no segundo turno. E é possível que o governo consiga fazer com que a rejeição do adversário seja tão alta quanto a própria”, afirmou.
No entanto, para para tentar melhorar a imagem de seu governo, Bolsonaro precisará convencer o eleitor que esforços foram feitos para lidar com conjunturas extremas.
Como por exemplo, a chegada da pandemia, crise econômica e humanitária que matou mais de 600 mil pessoas e deixou o país com cerca de 12 milhões de desempregados.
Além disso, segundo o cientista político, Bolsonaro deverá alimentar a rejeição ao seu principal oponente, o ex-presidente Lula.
Batalha de desgastes
Na quarta-feira (14), Bolsonaro criticou uma recente fala do petista sobre o aborto, em uma tentativa de ampliar o desgaste do pré-candidato.
Bolsonaro afirmou que, se eleito, Lula poderá indicar ministros “abortistas” para o Supremo Tribunal Federal (STF).
A fala veio após Lula ter dito, no dia 5 de abril, que toda mulher deveria ter o direito ao aborto no Brasil, por ser uma “questão de saúde pública”.
“Mulheres pobres morrem tentando abortar, enquanto madames vão para Paris”, afirmou o petista.
“Quando se fala em aborto, o Lula defende o aborto. Vamos supor que o Lula consiga aprovar o aborto dentro do Parlamento. Eu acho difícil. Por que não consegue? Ele vai aprovar o aborto dentro do Supremo Tribunal Federal”, disse Bolsonaro.
A mesma pesquisa da XP/Ipespe mostra que Bolsonaro tem tido dificuldade em mudar as estatísticas de sua rejeição, estando acima dos 60% de “não votaria de jeito nenhum” desde julho de 2021. O petista se mantém estável na casa dos 43% desde o início do ano.
Mas, na análise de Cortez, dA Tendências, o segundo turno está longe de estar decidido. “O favorito ainda é Lula, mas o cenário é muito competitivo. Imagino uma eleição muito apertada”, disse.
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