Por que a ação da Cambuci (CAMB3), dona da Penalty, pode saltar 80% neste ano
Em recente atualização na carteira de ações Microcap Alert, a Cambuci (CAMB3), dona das marcas Penalty e Stadium, ganhou espaço no portfólio de micro e small caps da Empiricus.
Cristiane Fensterseifer, analista à frente da carteira, aponta que os motivos para escolha de CAMB3 residem, sobretudo, na diversificação de produtos da companhia, com novas linhas de vestuário voltados para o skate e corrida, além dos artigos com foco na Copa do Mundo no Catar, prevista para novembro.
Com isso, as ações da companhia podem voar na Bolsa. “Em nosso modelo de valuation, isso representaria uma valorização de mais de 80%”, acrescenta.
Esses são os principais pontos abordados no relatório ao qual tive acesso e que lhe explico de forma detalhada a seguir. Acompanhe:
Mudança de estratégia: Cambuci vira o jogo durante pandemia
A CAMB3 vinha de um histórico desafiador em anos anteriores quanto aos seus resultados operacionais, chegando inclusive a uma alavancagem de 7,5 vezes (dívida líquida/Ebitda), que é considerada alta para os parâmetros do mercado.
Nesse cenário, a empresa não teve outra escolha e em 2017 apostou em uma guinada rumo ao Brasil, com a nacionalização da fabricação dos seus itens, antes concentrada no Paraguai e dependente da importação de insumos asiáticos.
Com isso, as três fábricas da Cambuci no Brasil ganharam protagonismo, já que representam hoje 90% das vendas dos itens esportivos da companhia e a necessidade por insumos asiáticos caiu para menos de 5%.
“São estes os fatores que surtiram efeitos positivos no negócio em meio a pandemia de Covid-19”, diz a analista. “Isso porque, ainda que tenha tido um prejuízo na casa dos R$ 7 milhões em 2020, a Cambuci deu a volta por cima em 2021, com lucro de R$ 27,6 milhões, fruto do aumento das vendas em 57,6%”, acrescenta.
Muito além do futebol, companhia mira no skate e corrida
O lucro recorde em 2021 da empresa da família Sthefano também se deve à retomada gradual das atividades em clubes, escolas e academias, que demandaram mais artigos esportivos. Segundo pesquisa realizada pela Visa, a corrida dos consumidores por materiais para exercícios aumentou em 35% em meio à crise sanitária.
Atenta, a Cambuci viu a oportunidade de expandir e diversificar a oferta de seus produtos, antes restritos a esportes mais tradicionais como o futebol. “Não à toa, no mesmo período, a empresa trouxe itens voltados para o ciclismo e tênis para o seu portfólio, e já mira na modalidade Skate”, dispara Fensterseifer.
Para o segundo semestre de 2022, a companhia prevê o lançamento de uma marca de calçados e de roupas para skatistas, inspirada no sucesso da marca californiana Vans, entretanto, com preços mais atrativos. Fora isso, para 2023, a maior fabricante de produtos esportivos do Brasil prevê a inclusão de artigos voltados para corrida em sua linha de produção.
“Isso indica o aproveitamento da Cambuci de um mercado ainda pulverizado, como é o de artigos esportivos, e a sua mudança de estratégia com a diversificação de sua produção, agora com foco em esportes individuais”, aponta Cris.
Copa do Catar pode elevar vendas da companhia
Para a analista, a alavancagem das vendas da Cambuci durante a Copa do Catar é possível, visto sua forte atuação no comércio de chuteiras, uniformes e bolas. São itens que batem recorde de buscas nesses períodos.
“Seguimos a expectativa manifestada pela administração da companhia em seu relatório de resultados do 4T21, de crescer 40% no ano, sobretudo por conta da Copa. Mas estamos mais conservadores, projetando uma alta de 35% nas vendas da empresa”, diz Fensterseifer.
Seu otimismo encontra eco em pesquisa realizada pelo Google quanto aos dois últimos megaeventos dentro de campo, ocorridos em 2019 – Copa do Mundo de Futebol Feminino e Copa América –, nos quais os itens mais desejados para compra, além da camisa da seleção, foram: chuteira (42%), bola (39%), shorts (11%) e luva de goleiros (8%).