Polos de tecnologia em Osasco e Novo Hamburgo se destacam na criação de empregos
Dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) mostram que municípios que investem na atração de empresas ligadas à tecnologia tiveram bons resultados na geração de empregos, em 2021.
Segundo a Agência EY, destaca-se os caso de Osasco (SP), por exemplo, que no ano passado criou 24 mil novos empregos, saldo 16% maior que o registrado em 2020. Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, teve saldo positivo de 12% em relação a 2020, com um saldo de 7,74 mil novos empregos. Os números são do Ministério do Trabalho e foram divulgados em dezembro pelo governo federal.
“Osasco transitou de uma economia ancorada no setor industrial para uma economia fundamentada nos setores de comércio e serviços. Assim, áreas estratégicas anteriormente ocupadas por indústrias passaram a ceder seus espaços para novos usos, fluxo que se deu não só em Osasco, mas em toda a região metropolitana”, diz Maria Carolinie Cada Cardoso, analista em Inteligência de Mercado e Planejamento Urbano da Urban Systems, empresa que se dedica à análise e estudo de cidades inteligentes, para a Agência EY.
A Agência EY traz que fatores como a proximidade da capital paulista e incentivos fiscais tornaram Osasco atraente para empresas ligadas à tecnologia e ao e-commerce, que transferiram para o município suas sedes e/ou centros de distribuição.
“Os setores ligados à tecnologia, que contemplam o desenvolvimento de softwares, hardware e nuvem, por exemplo, têm se expandido em velocidade acelerada, mesmo frente à pandemia, impulsionados pelas necessidades de aperfeiçoamento dos serviços oferecidos por empresas, cidades e diferentes setores da economia”, explica Willian Rigon, sócio-diretor de Marketing da Urban Systems e responsável pelo Ranking Connected Smart Cities.
Segundo ele, muitos empregos podem ser registrados em determinada cidade, mas as atividades são exercidas, de fato, em outro lugar, por conta do trabalho remoto. Esse processo ficou ainda mais comum durante a pandemia. Por exemplo: a sede da empresa de uma pessoa fica em São Paulo, mas ela mora em uma cidade do interior. E trabalha de maneira remota, com auxílio da internet e do telefone, complemente em fala para a Agência EY.
“Atrair empregos e trazer benefícios para a cidade demanda estratégias complementares, não apenas com subsídios ou isenções para empresas do setor, mas também criando um ecossistema completo que ofereça: infraestrutura de comunicação, capital humano com ambiente acadêmico ou formação profissional, além de investimento em urbanização adequada que proporcione qualidade de vida, atraindo não apenas o emprego, mas o trabalhador para morar no local”, diz Rigon.
Opinião semelhante tem Marcelo Godinho, sócio-líder em Gestão de Pessoas da consultoria EY. Ele explica, para a Agência EY, que o movimento de descentralização econômica dos grandes centros não é novidade. Cidades como Recife, Belo Horizonte e Florianópolis já eram alvo de grandes empresas para atuação com tecnologia.
“Essas cidades possuem um pacote de ofertas que lhes possibilitam ser objeto de desejo para expansões de empresas outrora focadas no eixo Rio-São Paulo”, diz Godinho. “E quando falo no pacote de ofertas, precisamos olhar naturalmente a disponibilidade da rede de ensino local e sua capacidade de formação de alunos que estão aptos ao mercado de trabalho, assim como a qualidade de vida, a infraestrutura etc”, completa.
Segundo o consultor da EY, não chega a ser uma surpresa ver cidades despontando fora dos grandes centros urbanos. “O esgotamento das grandes capitais brasileiras impulsiona um interessante movimento de êxodo para cidades até então mais valorizadas como destinos turísticos ou mesmo rotuladas como polos de determinados segmentos do setor produtivo, como mineração, automotivo ou industrial”.