Haddad diz que política monetária tem que ter sabedoria e não pode jogar país em recessão
A política monetária tem que ser usada pelo Banco Central com sabedoria e não pode jogar o país em uma recessão, disse nesta sexta-feira (7) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, argumentando que o nível de juros pode prejudicar a economia a depender da dose.
Em entrevista à Rádio Cidade, de Pernambuco, Haddad ponderou que o BC precisa atuar com aumento de juros quando há um repique na inflação. Para ele, a política monetária também deve ser aplicada em momentos de superaquecimento da atividade.
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“Tudo tem que ser feito na dose certa”, disse, sem fazer juízo de valor sobre os juros prescritos neste momento pelo BC.
“Às vezes você aumenta (os juros) para desaquecer um pouco a economia, porque se tiver muito aquecida os preços vão aumentar. Em economia, não existe um remédio para toda hora, é para aquela hora, e na dose certa”, afirmou.
Na primeira decisão de política monetária sob o comando de Gabriel Galípolo, e com maioria de diretores indicados pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva, o BC decidiu em janeiro seguir o aperto nos juros já previsto anteriormente ao elevar a Selic em 1 ponto percentual, a 13,25%, e manteve a orientação de mais uma alta equivalente em março.
Câmbio
Na entrevista, Haddad afirmou que políticas do governo Lula para levar o dólar a um “patamar mais adequado” terão reflexo em preços nas próximas semanas, sem detalhar as ações adotadas.
Na quinta-feira, Lula sugeriu em entrevista a uma rádio que se uma pessoa vai ao supermercado e desconfia que o produto está caro, ela não deveria comprar o item, o que, para ele, forçaria o vendedor a baixar o preço “para não estragar”.
Questionado sobre a afirmação do presidente, Haddad não comentou a declaração e afirmou que um desempenho mais favorável da safra do país também deve ajudar a reduzir preços.
Ele também disse que a eleição do presidente Donald Trump nos Estados Unidos fez o dólar se valorizar no mundo inteiro, o que impacta preços, mas agora a moeda norte-americana está perdendo força.
Ao longo da entrevista, Haddad buscou contrapor dados da atual gestão com os do governo anterior, repetindo que indicadores da presidência de Jair Bolsonaro foram piores do que os observados neste momento, citando preços de combustíveis, inflação em geral e política tributária.
O ministro ainda disse que o governo tem tentado corrigir distorções no déficit das contas públicas e citou que um dos focos de Lula é reduzir benefícios ficais da fatia mais rica da população.