Política monetária do BCE está perdendo potência e precisa de ajuda fiscal, diz Draghi
A Europa precisa dar um salto à frente na integração e criar as instituições necessárias para a estabilização econômica à medida que a política monetária perde potência, afirmou nesta segunda-feira o atual presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi.
Tendo enfrentado anos de crises ou crescimento fraco, o BCE esgotou seu arsenal convencional de política monetária e agora conta com ferramentas não convencionais e não testadas para estimular o crescimento.
“É claro que agora é a hora de mais Europa, não menos”, disse Draghi em um evento de despedida, pouco antes do fim de seu mandato de oito anos e de ele entregar o poder a Christine Lagarde, em 1º de novembro.
Falando a uma audiência que incluiu a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Emmanuel Macron, Draghi argumentou que é necessário um orçamento comum para a UE para que haja uma capacidade centralizada de estabilizar o bloco monetário.
Os ministros das Finanças da UE concordaram com um pequeno orçamento para a zona do euro neste mês, mas o plano ficou aquém das ambições ou do tipo de ferramenta que as autoridades do BCE esperavam.
“A política monetária ainda pode atingir seu objetivo, mas pode fazê-lo mais rapidamente e com menos efeitos colaterais se as políticas fiscais estiverem alinhadas com ela”, disse Draghi no evento de despedida.
No evento, Macron disse que cabe aos governos consertar a zona do euro.
“Cabe a nós, chefes de Estado e governo, levar adiante o seu famoso ‘o que for preciso'”, disse Macron, referindo-se ao discurso de Draghi em 2012, creditado por salvar a zona do euro. “Para combinar com sua coragem e visão, devemos ser os guardiões do seu legado.”