Cervejas

Polícia investiga 29 casos de síndrome nefroneural em Minas Gerais

24 jan 2020, 21:24 - atualizado em 24 jan 2020, 21:24
Backer
Ao todo, já foram 21 depoimentos de vítimas e familiares, todos com o objetivo de entender os acontecimentos que antecederam à intoxicação (Imagem: Reprodução/Facebook Cervejaria Backer)

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) está investigando 29 casos de pessoas que apresentaram os sintomas da síndrome nefroneural.

A Polícia Civil informou que após 21 dias de investigações sobre a doença provocada por contaminação de cerveja, que acabou culminando na morte de quatro pessoas, mais cinco pessoas foram ouvidas na 4ª Delegacia de Polícia Civil de Barreiro, localizada no Bairro Estoril, região oeste de Belo Horizonte.

Ao todo, já foram 21 depoimentos de vítimas e familiares, todos com o objetivo de entender os acontecimentos que antecederam à intoxicação.

Segundo a Polícia Civil, as amostras recolhidas tanto na cervejaria, quanto na empresa química que vendia o monoetilenoglicol, continuam sendo analisadas pelas equipes de peritos do Instituto de Criminalística, e não há previsão para a conclusão dos laudos.

Até agora, a Anvisa determinou o recolhimento total de quatro lotes produzidos pela Cervejaria Três Lobos, dona da marca Backer. Testes nos lotes deram positivo para a contaminação com a substância tóxica dietilenoglicol e abrangem cervejas com os rótulos Belorizontina e Capixaba.

Na semana passada, a Anvisa interditou, preventivamente, todos os lotes da Backer com vencimento igual ou posterior a 20 de agosto.

A medida de interdição de todos os produtos da Backer foi tomada após exames feitos pelo Ministério da Agricultura identificarem a presença de substâncias tóxicas na cerveja (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

As cervejas podem permanecer nos estoques do comércio, mas devem ser retirados das prateleiras e não podem ser entregues ao consumidor. A interdição dura no mínimo 90 dias, tempo que a cervejaria tem para tentar comprovar a segurança do consumo das bebidas.

A medida de interdição de todos os produtos da Backer foi tomada após exames feitos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) identificarem a presença de substâncias tóxicas em mais 11 lotes da cervejaria, que trazem diferentes rótulos na garrafa.

Até o momento, segundo o ministério, dez produtos da cervejaria testaram positivo para substâncias tóxicas: Belorizontina, Capixaba, Capitão Senra, Pele Vermelha, Fargo 46, Backer Pilsen, Brown, Backer D2, Corleone e Backer Trigo.

Por ora, as análises realizadas pelos laboratórios federais de Defesa Agropecuária constataram 32 lotes contaminados.

O dietilenoglicol é uma substância tóxica que não pode entrar em contato com alimentos e bebidas.

A primeira das quatro mortes por intoxicação já reconhecidas pela Polícia Civil foi registrada na noite de 7 de janeiro, em Juiz de Fora. Exames a que a vítima foi submetida antes de morrer confirmaram a presença do contaminante no sangue.

O homem, cujo nome e idade não foram confirmados, foi sepultado no município mineiro de Ubá.

Todos os pacientes internados devido à síndrome nefroneural apresentaram insuficiência renal aguda de evolução rápida, ou seja, que levou a pessoa a ser internada em até 72 horas após o surgimento dos primeiros sintomas, e alterações neurológicas centrais e periféricas, que podem ter provocado paralisia facial, embaçamento ou perda da visão, alteração sensória, paralisia, entre outros sintomas.