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Polícia interroga pescadores sobre desaparecimento de jornalista e indigenista na Amazônia

08 jun 2022, 10:57 - atualizado em 08 jun 2022, 10:57
Equipes fazem busca por jornalista Dom Phillips e indigenista Bruno Pereira
O governo enviou representantes da Marinha, Exército e Polícia Federal para se juntar à busca pela dupla em uma região que contém uma vasta reserva indígena com área maior que a Áustria (Imagem: Ministério da Defesa/Divulgação via REUTERS)

A polícia que investiga o desaparecimento de um jornalista britânico e um indigenista brasileiro na floresta amazônica interrogou um possível suspeito entre vários pescadores conhecidos por terem entrado em confronto com autoridades anteriormente sobre direitos de pesca.

Dom Phillips, um jornalista freelancer que escreve para Guardian, Washington Post e outras publicações conhecidas, foi visto pela última vez no domingo junto com Bruno Pereira, que já teve cargo de coordenador na Fundação Nacional do Índio (Funai).

Eles estavam em uma viagem para reportagem no Vale do Javari, uma área remota de selva que abriga o maior número de indígenas isolados do mundo, além de gangues de tráfico de cocaína e caçadores e pescadores ilegais.

O governo enviou representantes da Marinha, Exército e Polícia Federal para se juntar à busca pela dupla em uma região que contém uma vasta reserva indígena com área maior que a Áustria.

Como ex-autoridade da Funai na região, Pereira entrava em confrontos regularmente com pescadores que saqueavam estoques de pesca protegidos, e a polícia disse que os investigadores estavam tratando essas tensões como uma questão-chave.

Não se sabe se um crime foi cometido, disse à Reuters Guilherme Torres, chefe do departamento interior da Polícia Civil do Estado do Amazonas. Mas, segundo ele, Pereira recebeu recentemente uma carta ameaçadora de um pescador.

Vários pescadores foram interrogados, mas apenas um foi levado algemado para a delegacia, afirmou o prefeito de Atalaia do Norte, Denis Paiva, em entrevista à Reuters na terça-feira. Ele identificou o homem algemado como Amarildo da Costa, conhecido localmente como “Pelado”.

Um detetive da polícia estadual, que pediu anonimato, disse que Costa foi algemado devido a problemas anteriores com a lei sobre armas, e que Costa negou ter violado quaisquer leis ou estoques protegidos de pesca.

Dois outros pescadores –identificados como “Nei” e “Caboclo”- também estão sendo procurados para interrogatório, disse o detetive.

A polícia do Estado do Amazonas informou ter interrogado cinco pessoas até agora: “quatro como testemunhas e outra… como suspeita”.

O advogado de Costa, Ronaldo Caldas, disse que seu cliente não era suspeito no caso e que Costa foi detido porque os policiais encontraram um estojo de espingarda vazio na casa onde ele estava hospedado.

O desaparecimento de Phillips e Pereira, que tinham anos de experiência trabalhando na Amazônia, despertou preocupação global de grupos de direitos humanos, ambientalistas, políticos e defensores da liberdade de imprensa.

As famílias dos desaparecidos pediram às autoridades que intensifiquem as operações de busca.

“Mesmo que eu não encontre o amor da minha vida vivo, eles precisam ser encontrados, por favor”, disse a esposa de Phillips, Alessandra Sampaio, em uma entrevista na televisão na terça-feira.

A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), que primeiro alertou sobre o desaparecimento da dupla, criticou as forças de segurança do Brasil pelo que chamou de atrasos desnecessários no envio de equipes de busca.

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