Polícia de Mianmar alerta manifestantes a se dispersarem ou enfrentar força
A polícia de Mianmar alertou manifestantes, nesta segunda-feira, a se dispersarem ou enfrentarem a força, pouco depois de a televisão estatal sinalizar ações iminentes para conter protestos em massa contra um golpe militar e a prisão da líder eleita Aung San Suu Kyi.
Dezenas de milhares de pessoas participaram de um terceiro dia de manifestações de rua em cidades pequenas e grandes de todo o país para repudiar os militares por sua tomada de poder na semana passada.
Na capital Naypyitaw, três fileiras de agentes do batalhão de choque foram vistas em uma rua enquanto manifestantes bradavam slogans antigolpe e diziam aos policiais que eles deveriam servir o povo, e não os militares, de acordo com a mídia e uma transmissão dos acontecimentos ao vivo pela internet.
A polícia instalou uma placa em uma rua dizendo que munição real pode ser usada se os manifestantes romperem a terceira fileira de agentes.
Mais cedo, a polícia de Naypyitaw usou um canhão de água brevemente contra os manifestantes.
A Reuters não conseguiu contactar a junta para obter comentários sobre os protestos, mas a mídia estatal sinalizou ações possíveis contra eles no primeiro comentário de qualquer canal governamental, dizendo que a população quer se ver livre de “malfeitores”.
“Nós, todo o povo que valoriza justiça, liberdade, igualdade, paz e segurança, não somente nos recusamos a aceitar os malfeitores sem lei, mas também pedimos que sejam impedidos e retirados através da cooperação”, disse o canal MRTV em um comentário.
Embora este comentário não tenha sido atribuído a nenhuma autoridade ou grupo, mais tarde foi lido em uma rede de propriedade dos militares.
Os clamores para que as pessoas se unam aos protestos e apoiem uma campanha de desobediência civil se tornaram mais ruidosos e organizados desde o golpe, que provocou repúdio generalizado em todo o mundo.
“Nós, profissionais da saúde, estamos liderando esta campanha para exortar os funcionários do governo a participarem”, disse Aye Misan, enfermeira de um hospital do governo, em um protesto realizado em Yangon, a maior cidade do país.
As reuniões têm sido descontraídas e essencialmente pacíficas, ao contrário da repressão sangrenta a protestos anteriores, em particular os de 1988 e 2007.
Em um desdobramento que provavelmente preocupará os militares, alguns funcionários do governo têm sido vistos se unindo a médicos e alguns professores reunidos pelo clamor por uma campanha de desobediência civil e greves