BusinessTimes

Polarização política no Texas coloca republicanos contra bancões de Wall Street

30 out 2021, 20:00 - atualizado em 29 out 2021, 20:05
Wall Street
Então o governador Greg Abbott assinou uma lei proibindo o estado de investir em entidades que romperam vínculos com o setor de petróleo e gás  (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

Em uma reunião nos arredores San Antonio este mês, um veterano da cena política do Texas ficou tão irritado com a debandada de Wall Street do ramo de combustíveis fósseis que comparou a busca do setor petrolífero por financiamento à luta por direitos civis.

Em Dallas, o gestor de um fundo de hedge que negociava junk bonds em seu iPhone lamentava precisar mudar para o elegante bairro de Highland Park, temendo ser visto como um estranho no ninho, mesmo tendo saído de Nova York anos atrás.

Em uma lanchonete em Austin, um executivo de finanças neto de um ex-governador torcia por um acerto entre Wall Street e o estado americano, mas avisou que a situação deve piorar antes de melhorar.

Uma tensa batalha está sendo travada entre gigantes do setor financeiro e o Texas. Há poucos meses, atraídos pela promessa de impostos baixos e pouca regulamentação, alguns dos maiores bancos e gestoras de recursos aceleraram a retirada de escritórios nas costas leste e oeste dos EUA em direção ao Texas.

Então o governador Greg Abbott assinou uma lei proibindo o estado de investir em entidades que romperam vínculos com o setor de petróleo e gás e outra lei proibindo governos locais de trabalhar com bancos que limitam empréstimos a fabricantes de armas.

Isso interrompeu negócios entre grandes instituições que fazem a originação de títulos municipais. JPMorgan Chase, Bank of America, Citigroup e Goldman Sachs Group cessaram toda a originação de bônus municipais no Texas, pelo menos por enquanto.

A situação no estado não se trata apenas de títulos municipais ou de um governador republicano que tenta agradar a extrema direita com a reeleição em vista.

É um conflito mais amplo entre um estado que estaria entre as principais economias do mundo se fosse um país e um setor financeiro que começa a se posicionar em questões como equidade racial e mudança climática, prometendo considerar não só os investidores como partes interessadas.

Entrevistas com mais de uma dezena de profissionais de bancos e investidores sugerem que, quando o Texas decidir que os bancos foram longe demais, haverá uma batalha mais ampla envolvendo o poder das corporações e o alcance da influência de Wall Street.