BTG Summit 2025

Medo tomou conta da bolsa e curva de juros; ‘falta choque de confiança’, diz Bruno Serra, do Itaú

12 fev 2025, 16:17 - atualizado em 12 fev 2025, 16:25
Bruno Serra Banco Central
Atualmente, a expectativa do gestor para a Selic está entre 14,75% e 15,25 Imagem: Raphael Ribeiro/BCB)

O medo de que o governo realize alguma medida para acelerar a economia diante do aperto monetário promovido pelo Banco Central (a autoridade iniciou um novo ciclo de alta dos juros que pode ultrapassar os 15%) se reflete no preço dos ativos, afirmou Bruno Serra, que gere R$ 10,3 bilhões nos fundos da família Janeiro da Itaú Asset, durante o painel “Brasil 2025: desafios, riscos e oportunidades”, promovido pelo BTG Pactual.

“Todo mundo tem medo e acho que, no final das contas, esse medo está nos preços dos ativos. Não fosse isso, era para estarmos olhando para a frente falando assim, poxa, essa economia vai desacelerar bem e a inflação vai surpreender para baixo”, diz.

Serra recorda que esse cenário ocorreu no início do mandato de Ilan Goldfajn no Banco Central e em outros momentos em que os juros subiram significativamente. “Talvez falte agora o que houve no início da gestão de Roberto Campos Neto: um choque de confiança que tranquilize os agentes econômicos”, afirma.

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Apesar disso, o gestor diz que a expectativa é de desaceleração e de um movimento desinflacionário, ao contrário do que muitos esperam. “Por isso, há conforto em apostar nesse cenário”.

Mesmo assim, ele não descarta que o governo tome decisões que resultem em estagflação: crescimento baixo ou nulo com inflação resistente. “Isso ocorreria caso medidas equivocadas fossem implementadas. Assim, qualquer aposta exige cautela”. Dessa forma, o investidor deve combinar ativos mais otimistas com proteções. Assim, estará mais preparado caso a política econômica piore.

Atualmente, a expectativa do gestor para a Selic está entre 14,75% e 15,25%, com maior probabilidade de estabilização na faixa inferior desse intervalo. A inflação, segundo o relatório Focus, deve permanecer ao redor de 5%, o que resultará em um juro real próximo de 10%. “Esse patamar deveria ser suficiente para a política monetária operar efetivamente e reduzir a inflação, desde que o governo colabore na frente fiscal”, completa.

Política já bastante restritiva

Outro gestor que participou do painel, Thiago Berriel, estrategista-chefe do BTG Pactual Asset Management, disse que a política monetária é bastante restritiva, porém recorda que houve aumento de gastos em 2024.

“Então, há um certo receio em relação à convicção de que a economia irá desacelerar, especialmente devido à incerteza sobre a reação da política fiscal. Esse é um fator que precisa ser monitorado com atenção”.

Além disso, Berriel afirma que há um certo mal-estar e falta de confiança na condução da política econômica, o que reduz o otimismo do mercado. No cenário externo, as condições também não são favoráveis para países emergentes como o Brasil. “Diante disso, a desaceleração econômica parece inevitável”.

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
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