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Pnad: Nordeste tem maior taxa de desocupação no terceiro trimestre

27 nov 2020, 16:32 - atualizado em 27 nov 2020, 16:32
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De acordo com a economista, quando se analisa a retração da população ocupada, verifica-se que, em maio, a queda decorreu da informalidade (Imagem: Unsplash/@cannedstreet)

O Nordeste foi a região brasileira que apresentou a maior taxa de desocupação no terceiro trimestre deste ano, atingindo o recorde de 17,9% em relação ao período anterior.

A menor taxa foi registrada no Sul: 9,4%. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada hoje (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo a pesquisa, entre julho e setembro, a taxa de subutilização chegou a 43,5% na Região Nordeste.

Para a analista da pesquisa Adriana Beringuy, isso mostra não apenas a região com a maior taxa. Mostra também que, do primeiro para o segundo trimestre, o Nordeste e o Sudeste, somados, foram as regiões que mais aceleraram a subutilização.

Segundo Adriana, o Nordeste sempre apresenta taxas maiores de subutilização, mas agora, com o processo da pandemia, o Sudeste foi a região mais afetada.

“Portanto, trazendo parte da força de trabalho para a subutilização.”

De acordo com a economista, quando se analisa a retração da população ocupada, verifica-se que, em maio, a queda decorreu da informalidade, que puxou muito a ocupação para baixo. “Esse processo da subutilização está intimamente ligado à informalidade”, disse Adriana.

O Nordeste tem as maiores taxas de informalidade. O trabalhador informal, que foi o mais atingido no auge da pandemia, acaba tendo um aspecto geográfico, porque, proporcionalmente, em relação à população ocupada, está nas regiões Norte e Nordeste”, completou.

A construção e a agricultura foram as únicas atividades em que houve crescimento da população ocupada no terceiro trimestre de 2020.

Na construção, a alta ficou em 7,5%, ou 399 mil pessoas a mais trabalhando no setor. A agricultura, com expansão de 3,8%, agregou mais 304 mil trabalhadores.

No caso da construção, a explicação é que, como pedreiros e outros trabalhadores do setor afastaram-se, por conta própria, do mercado por causa do distanciamento social, retornaram nesse período, com a reabertura das atividades. Além disso, aumentou a demanda por pequenas obras, como reforma de imóveis.

Para Adriana Beringuy, o aumento na taxa de ocupação na agricultura pode estar relacionado à sazonalidade do cultivo.

Ela explicou que a atividade, de um modo geral, tem ritmo diferente das demais. Somado a isso, o setor sofreu menos os efeitos da pandemia, porque, ao se desenvolver no campo, o impacto do distanciamento social foi menor, na comparação com o que ocorreu na cidade.

“A construção e a agricultura são atividades que já mostram efetivamente crescimento na sua ocupação”, disse Adriana.

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Força de trabalho

A população inserida na força de trabalho no Brasil chegou a 96,5 milhões de pessoas entre julho e setembro e, na comparação com o trimestre anterior, manteve-se estável. No entanto, em relação ao mesmo período de 2019, registrou queda de 9,2%, ou seja, menos 9,8 milhões de pessoas.

Já a população fora da força de trabalho atingiu 78,6 milhões no terceiro trimestre deste ano, o maior nível da série histórica, com altas de 1,0%, mais 785 mil pessoas, frente ao trimestre anterior e de 21,2%, mais 13,7 milhões de pessoas, ante o mesmo período de 2019.

Outro recorde da série histórica foi o nível da população desalentada, com 5,9 milhões. Isso significa crescimento de 3,2% ou mais 183 mil pessoas, se comparado ao trimestre anterior, e de 24,7%, sendo mais 1,2 milhão de pessoas, em relação a julho a setembro de 2019.

O percentual de 5,7% de desalentados na população indica estabilidade frente aos três meses anteriores e alta de 1,5 ponto percentual. contra o mesmo trimestre de 2019.

O número de trabalhadores por conta própria atingiu 21,8 milhões, em uma variação de 0,6 ou mais 119 mil contra o trimestre anterior

O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado, não incluídos os trabalhadores domésticos, foi estimado em 29,4 milhões, o que representa queda de 2,6%, ou menos 788 mil pessoas, ante o trimestre anterior e de 11,2%, menos 3,7 milhões de pessoas, se comparado ao período de  julho a setembro de 2019.

Já o número de empregados sem carteira assinada no setor privado foi de 9 milhões, com alta de 4,3%, ou mais 374 mil pessoas em relação ao segundo trimestre, e de  23,9%, sendo menos 2,8 milhões, na comparação ao mesmo período de 2019.

O número de trabalhadores por conta própria atingiu 21,8 milhões, em uma variação de 0,6 ou mais 119 mil contra o trimestre anterior. Frente ao mesmo período de 2019, houve recuo de 10,8%, ou menos 2,6 milhões de pessoas.

“Parte da ocupação que cresce no terceiro trimestre é a que vem do trabalho informal, ou seja, não se observa ainda uma reação de emprego com carteira, por exemplo. Por outro lado, o trabalho sem carteira assinada já mostra, sim, um processo de recuperação. O que se pode perceber é que, no terceiro trimestre, há um cenário menos desfavorável do que aquele cenário ruim visto no segundo trimestre”, disse.

A economista ressaltou que, ante esse resultado do terceiro trimestre, é preciso aguardar os próximos meses e ver se outras atividades que já começam a ter perdas reduzidas, começam, efetivamente, a apresentar mais contratação e mais absorção de trabalhadores.

“Isso ainda não é realidade para grande parte das atividades econômicas, muito pelo contrário. Muitas ainda, apesar de terem menos perdas no terceiro trimestre, mostram ainda redução da sua ocupação.”

Perdas menores

Adriana Beringuy destacou que, embora tenha ocorrido menor queda da população ocupada no terceiro trimestre, representando 3% do que ocorreu no segundo trimestre, isso não pode ser entendido ainda como um processo de recuperação do mercado de trabalho. Pode-se observar, no entanto, que as perdas são menores do que as que vinham ocorrendo.

A taxa de desocupação nas pessoas com ensino médio incompleto era de 24,3% e, portanto, superior à dos demais níveis de instrução (Imagem: Agência Brasil/José Cruz)

Na população desocupada, as maiores taxas ocorreram entre as mulheres, os jovens e pessoas pretas. De acordo com a pesquisa, enquanto entre os homens a taxa foi estimada em 12,8%, entre as mulheres, chegou a 16,8%.

Entre os que se declararam brancos (11,8%), ficou abaixo da média nacional (14,6%), mas entre os pretos (19,1%) e os pardos (16,5%), ficou acima.

A taxa de desocupação nas pessoas com ensino médio incompleto era de 24,3% e, portanto, superior à dos demais níveis de instrução. No grupo com nível superior incompleto, a taxa foi estimada em 17,1%. O percentual é mais que o dobro do verificado para aqueles com nível superior completo, que ficou em 7,0%.

A taxa de desocupação dos jovens de 14 a 17 alcançou 44,2%, mais elevada do que a daqueles na faixa entre 18 e 24 anos, que ficou em 31,4%. Os percentuais estão acima do patamar da taxa média total de 14,6%.

O número de trabalhadores domésticos caiu 2,2% e somou 4,6 milhões, o que significa menos 102 mil pessoas, na comparação com o trimestre anterior, e 26,5 %, ou menos 1,7 milhão de pessoas, ante os mesmos três meses de 2019, frente ao mesmo trimestre de 2019.

Rendimento

De acordo com os dados da Pnad Contínua, o rendimento médio real habitual chegou a R$ 2.554 no período de julho a setembro deste ano, sendo estatisticamente estável na comparação com o período anterior, quando estava em R$ 2.519. Já contra o mesmo trimestre de 2019, houve alta de 8,3% – o rendimento era de R$ 2.359.

A massa de rendimento real habitual alcançou R$ 205,3 bilhões, mantendo-se estável em relação aos três meses anteriores, e com queda de 4,9%, ou menos R$ 10,6 bilhões, na comparação com o mesmo trimestre de 2019.