Juro do Plano Safra não foi “engana bobo” ao encurtar o mix com crédito a taxa livre, diz economista
O produtor rural da linha do médio para cima sabe de cor e salteado que não basta um Plano Safra (PS) para ter acesso ao total de recursos necessitados a juros subvencionados. É melhor que se contente em pagar 12% de taxas no novo programa lançado a ter de fazer um mix muito maior a juros livres.
Além de histórico é coerente com o momento econômico, segundo se pode traduzir de Antônio da Luz, economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).
Aos bancos cabem a decisão de aceitar ou não o tamanho do risco proposto pelo produtor. E, nos últimos planos, não só o crédito subsidiado acabou rápido, como agora o governo aumentou muito mais o dinheiro privado sem subsídio, daí a coerência.
Então, lembra o especialista, “se o produtor fosse pedir R$ 100, talvez levasse só a metade a juros de um dígito”. O restante, 50%, o agricultor precisaria se socorrer com custo médio balizado pela Selic, hoje em 13,25%.
Seria o caso, portanto, do “engana bobo” se o governo anunciasse juros abaixo de 10% para essa categoria mais robusta de agricultores, comenta Da Luz.
Agora, pedindo R$ 100, e pagando 12%, pode conseguir uns R$ 80, e terá apenas R$ 20 para buscar no mercado.
Encurta a despesa mais cara que o produtor teria com custeio, comercialização ou investimento, diante dos bancos ávidos por terem maior freguesia a recursos próprios livres (RPL) que subiu 69%, a R$ 145,18 bilhões, acentua o economista da Farsul.
Dos R$ 340,8 bilhões do PS 22/23, mais 36% sobre o anterior, R$ 98,4 bilhões estarão à disposição a taxa de 12%. Com juros de um dígito, apenas as linhas do Pronaf (agricultura familiar), de 5% a 6%, e do Pronamp (médio produtor), em 8%.
O total de recursos controlados é de R$ 195,7 bilhões (mais 18%), com ou sem equalização pelo Tesouro Nacional teve incremento de apenas 18%.
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